O escritor brasileiro Paulo Coelho disse em suas redes sociais nesta terça-feira (14) que Bolsonaro deveria desmentir as informações de interferência na repatriação dos brasileiros vindos de Gaza. “Seria da maior dignidade @jairbolsonaro desmentir o que bolsominions desesperados postaram sobre 'interferência dele' na libertação dos brasileiros. É pedir muito? Não sei. Epifanias acontecem e ele só tem a ganhar”, afirmou o escritor no X, antigo Twitter.
Uma fake news de que Bolsonaro foi responsável pela liberação dos brasileiros vem sendo compartilhada entre bolsonaristas após o ex-presidente ter participado, de penetra, de um evento na Câmara dos Deputados, onde estava o representante da Embaixada de Israel e parlamentares. No entanto, vale lembrar que a própria entidade publicou em nota que Bolsonaro não foi convidado para o evento e sua presença era “fortuita”.
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Coelho também comentou sobre o ocorrido em suas redes sociais na última semana, que segundo ele, “traduzindo: foi de penetra”.
O governo Lula está por trás de todo o empreendimento, ontem (13) divulgou um texto, através da Secretaria de Comunicação Social da Presdiência (Secom), em que trouxe detalhes sobre todas as ações que permitiram a sobrevivência e o retorno do grupo ao Brasil.
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Processo de repatriação intermediado por Lula
Conforme mostrou uma reportagem da Fórum publicada no dia 13, o processo de repatriação teve início em 7 de outubro, quando foi deflagrado o ataque do Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza, contra Israel, e o sequente revide das forças militares israelenses que se transformou em uma investida permanente contra a região.
Em seguida, o Escritório de Representação do Brasil em Ramala entrou em contato imediato com os brasileiros na Faixa de Gaza desde o primeiro dia de escalada do conflito. Em 11 de outubro, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, estabeleceu contato com o chanceler egípcio Sameh Shoukry para assegurar a passagem dos brasileiros de Gaza para o Egito. No dia seguinte, a Presidência da República mobilizou o avião VC-2, que decolou de Brasília para Roma, aguardando a chegada dos compatriotas ao Egito.
A intervenção diplomática foi crucial para obter a autorização do governo do Egito, permitindo a entrada dos brasileiros no país já em 13 de outubro. Uma vez em Khan Younes, ao sul da Faixa de Gaza, os cidadãos foram assistidos pelo governo Lula com fornecimento de água e alimentos. Em 18 de outubro, o VC-2 presidencial decolou de Roma para o Egito, transportando 40 purificadores de água portáteis e dois kits de medicamentos e insumos destinados à emergência na Faixa de Gaza, entregues à organização não-governamental Crescente Vermelho.
No âmbito diplomático, o Brasil participou ativamente das negociações para interromper os ataques, sendo convidado pelo Egito a integrar uma cúpula com Jordânia, Catar, Turquia e outros países árabes para discutir a crise humanitária em Gaza. O chanceler Mauro Vieira dialogou com o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros Hossein Amir-Abdollahian, buscando soluções humanitárias e a repatriação dos brasileiros.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se envolveu diretamente, conversando com o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, concordando sobre a necessidade de um corredor humanitário na região. Essa discussão foi ampliada com o presidente de Israel, Isaac Herzog, que recebeu os agradecimentos de Lula pelo apoio na repatriação dos brasileiros em solo israelense.
Preocupado com a situação dos brasileiros, Lula realizou videoconferências, proporcionando contato direto com eles e com familiares de brasileiros desaparecidos em Israel após os primeiros ataques.
Resgate
Em 3 de novembro, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, assegurou a Mauro Vieira que os brasileiros poderiam sair da Faixa de Gaza na semana seguinte. A fronteira em Rafah foi reaberta, mas fechou dois dias depois, até finalmente ser reaberta em 9 de novembro, quando o ministro Vieira anunciou a autorização para a passagem dos brasileiros.
No dia seguinte, os brasileiros atravessaram a fronteira em direção ao Egito, e em 12 de novembro, o grupo de 32 pessoas, incluindo cidadãos brasileiros e familiares, concluiu a travessia. Em 13 de novembro, o VC-2 presidencial decolou do Aeroporto Internacional do Cairo com destino a Brasília, com paradas técnicas em Las Palmas (Espanha) e Recife.
Após o resgate de 1.462 brasileiros e latinos, além de 53 animais domésticos já trazidos de volta ao país pela Força Aérea Brasileira (FAB), os repatriados chegaram na capital federal na madrugada desta terça-feira e foram recepcionados pelo presidente Lula.