O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, relatou à Polícia Federal (PF) em um acordo de delação premiada que Bolsonaro lhe instruiu a avaliar o valor de um relógio Rolex e autorizou a venda deste e de outros itens valiosos que faziam parte de um kit de joias recebido da Arábia Saudita como presente oficial.
Este acordo foi firmado pela PF e validado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de setembro. Nele, Cid acusa Bolsonaro de ordenar os supostos crimes investigados, que incluem peculato (apropriação indevida de bens públicos) e lavagem de dinheiro.
Te podría interesar
As informações são do Blog da Andréia Sadi, do g1.
As afirmações de Cid reforçam as suspeitas da PF de que as joias foram comercializadas a pedido de Bolsonaro, que teria recebido o dinheiro em espécie para evitar rastreamento.
Te podría interesar
Antes da delação de Cid, em agosto, Bolsonaro declarou ao jornal O Estado de S. Paulo que seu ex-ajudante de ordens tinha autonomia e negou ter ordenado a venda de quaisquer itens.
Conforme o depoimento de Cid, Bolsonaro questionou-o sobre presentes de alto valor recebidos em decorrência de seu cargo no início de 2022, contexto em que mencionou despesas com uma condenação judicial, mudança e transporte de presentes recebidos e multas de trânsito.
Cid relatou ter solicitado ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica uma lista de relógios recebidos pelo presidente, identificando o Rolex de ouro branco como o mais fácil de vender. O ex-ajudante de ordens afirmou que Bolsonaro o instruiu a levantar o valor do Rolex e o autorizou a vender o relógio e os demais itens do kit de ouro branco.
O ex-secretário de Comunicação e advogado Fabio Wajngarten, ao ser procurado, disse que a defesa de Bolsonaro não comentaria o caso, mencionando ainda que o subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, da Procuradoria-Geral da República, havia classificado a delação de Cid como "fraca".