DESINTRUSÃO

Posto de combustível clandestino em terra indígena no Pará pertence à ex-vereadora

Operação federal busca remover 3 mil invasores da terra indígena mais desmatada sob Bolsonaro

Posto tinha combustível ilegal dentro da Terra Indígena Apyterewa (PA).Créditos: Divulgação/Ministério dos Povos Indígenas
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Lauanda Peixoto Guimarães, ex-vereadora de Alto Horizonte (GO), é uma das pessoas envolvidas em atividades ilegais na Terra Indígena (TI) Apyterewa, a região mais afetada pelo desmatamento durante o governo Bolsonaro. Guimarães, que foi eleita pelo PRB (agora conhecido como Republicanos), teve seu mandato cassado pela Câmara de Vereadores em 2018 depois de ser flagrada tentando extorquir o prefeito da cidade. Atualmente, ela está foragida, de acordo com informações do governo federal.

Na terça-feira (3), a força-tarefa do governo federal anunciou que está conduzindo uma grande operação para remover mais de 3 mil ocupantes não indígenas da Terra Indígena Parakanã, que estão lá ilegalmente. De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, no primeiro dia da operação, segunda-feira (2), dois postos de gasolina ilegais, conhecidos como Posto do Divino e Posto Lauanda, foram inspecionados e desativados. 

Ambos estão localizados na área invadida conhecida como Vila Renascer, que possui casas, igrejas, escolas e comércio. Esta operação de remoção de invasores de terras indígenas é conhecida como desintrusão

Terra Indígena mais desmatada durante o governo Bolsonaro

Uma perda de território equivalente ao tamanho da cidade de Fortaleza (CE) ocorreu na Terra Indígena Apyterewa, devido à pecuária, mineração e grilagem. Metade de todo esse desmatamento ocorreu durante o governo Bolsonaro, período em que as invasões, segundo o Ibama, se proliferaram “sem restrição”. No entanto, este ano, o Ibama iniciou a desativação dos acampamentos ilegais e conseguiu reduzir o desmatamento em 94% no primeiro semestre, de acordo com dados do Instituto Socioambiental.

Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que "em retaliação à decisão judicial [que determinou a expulsão dos invasores], houve uma tentativa da população de construir um galpão improvisado e realizar uma manifestação. Porém, a população foi dispersada sem a necessidade de atuação em controle de multidões".

Foram identificados 15 locais com gado bovino dentro da terra indígena, segundo informações do governo federal. Além disso, 10 veículos transportando um total de 199 animais foram abordados. Os residentes da Vila Renascer foram notificados por um oficial de justiça de que terão que desocupar a área.

Ataques a agentes do Funai e do Ibama

Segundo informações do Ministério dos Povos Indígenas, a ex-vereadora Lauanda Peixoto Guimarães e seu marido, Rogério da Silva da Fonseca, também conhecido como Goiano, possuíam um posto de combustível não autorizado. Lauanda teve seu mandato cassado após a divulgação de um áudio pela imprensa onde ela e seu marido tentavam extorquir dinheiro do então prefeito, Luiz Borges (PSD).

Lauanda foi uma das cinco pessoas acusadas pelo Ministério Público Federal (MPF) por planejar e executar ataques contra agentes da Funai e do Ibama em 2021, que estavam empenhados em combater a invasão na terra indígena.

Atualmente, tanto Lauanda quanto seu marido Rogério estão foragidos, de acordo com o governo federal. O Brasil de Fato, que está conduzindo a reportagem, não conseguiu localizar a defesa do casal e também questionou o partido Republicanos sobre a filiação atual de Lauanda. As informações serão atualizadas caso haja novos posicionamentos.

Pará ainda será sede da COP30

No estado do Pará, que será o anfitrião da COP30 em 2025, a pecuária ilegal faz parte das cadeias de produção de grandes empresas multinacionais. De acordo com a Repórter Brasil, milhares de cabeças de gado saíram de fazendas localizadas na Terra Indígena Apyterewa para a Marfrig, a segunda maior produtora de carne do mundo.

Estima-se que mais de 3 mil não indígenas ocupam ilegalmente a Terra Indígena (TI) de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). Isso representa um número que supera os 1,4 mil indígenas residentes legitimamente na região. À medida que o número de invasores aumentava, com a construção de fazendas e pequenas cidades dentro da área protegida, os indígenas foram progressivamente confinados em seu próprio território. Atualmente, eles ocupam apenas 25% da TI, segundo o MPF.

Considerada a segunda maior operação de expulsão de invasores de terras indígenas, ficando atrás apenas da operação realizada na TI Yanomami, em Roraima, esta operação envolve centenas de servidores de diversos órgãos, incluindo a Funai, Polícia Federal (PF), Abin, Força Nacional e Ibama.

Com informações do Brasil de Fato