Ao deixar a sede da Polícia Federal (PF) de Brasília (DF) nesta quarta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro conversou rapidamente com jornalistas e foi questionado sobre a colaboração premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Era esperado que Bolsonaro prestasse depoimento à PF no âmbito do inquérito que investiga uma conspiração de empresários por um golpe de Estado da qual faria parte, mas o ex-presidente não falou aos investigadores. Em vez disso, entregou uma defesa por escrito.
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À repórteres que estavam na porta da sede da PF, o ex-presidente disse que trabalha para que o caso não seja analisado pelo STF.
"A minha presença aqui hoje é em função do inquérito, foi conhecido como dos empresários. Ok? Fui incluído nele depois de vários meses, tendo em vista a mensagem que eu havia que eu tinha passado, em especial, pra Meyer Nigri, que é empresário em São Paulo que eu conheço desde antes das eleições de 2018. O que trata esse assunto? As mensagens que eu passei. As mensagens que eu passei grande parte eram da própria imprensa. E a opção dos advogados é entregar as razões de defesa por escrito, continuar batendo na tecla da competência, que não é do Supremo nesse caso. Advogados entendem que é primeira instância", declarou.
Minuta golpista: não nega e nem confirma
Além do inquérito pelo qual foi convocado a prestar depoimento, Jair Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre a colaboração premiada de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, homologada no início de setembro pelo STF. Desde então, o militar vem fornecendo inúmeras informações, úteis a diferentes investigações, que podem, inclusive, levar o ex-presidente à prisão.
A mais recente revelação da colaboração premiada de Mauro Cid dá conta de que Bolsonaro teria pedido uma alteração na minuta golpista levada até ele pelo olavista Filipe Martins, seu ex-assessor especial. Segundo Cid, a proposta de decreto para dar início a um golpe de Estado determinava a realização de novas eleições e previa a prisão de diversas autoridades. No entanto, Bolsonaro teria pedido para alterar o trecho que previa a prisão das autoridades, deixando apenas uma brecha para que o ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, fosse para a cadeia.
Perguntado sobre esta revelação feita por seu ex-ajudante de ordens, Bolsonaro, segundo a GloboNews, "não confirmou mas também não negou" que tenha recebido uma minuta golpista e pedido sua alteração para levar Moraes à prisão. O ex-presidente se limitou a dizer que não teve acesso ao conteúdo da colaboração premiada.
Bolsonaro afirmou, ainda, que discussões sobre a Garantia da Lei de da Ordem (GLO), mecanismo defendido por bolsonaristas para a efetivação de um golpe militar no país, eram comuns entre eles os militares.
"GLO foi discutida desde quando eu assumi, no Brasil todo. GLO sempre se discutiu. Durante as eleições, a possibilidade existia, no caso de um distúrbio", disparou.