ORCRIM BOLSONARISTA

Mauro Cid: Bolsonaro alterou minuta golpista para pedir apenas prisão de Moraes

Em delação, o tenente coronel afirma ainda que Bolsonaro teria pedido às Forças Armadas que não desmantelassem os acampamentos golpistas porque iria provar a fraude nas urnas eletrônicas

Jair Bolsonaro e Mauro Cid.Créditos: Secom/Reprodução
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Um novo trecho da delação do tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, divulgado pelo jornal O Globo, revela que Jair Bolsonaro (PL) teria pedido uma alteração na minuta golpista levada até ele pelo olavista Filipe Martins, seu ex-assessor especial.

Segundo Cid, a proposta de decreto para dar início a um golpe de Estado determinava a realização de novas eleições e previa a prisão de diversas autoridades.

No entanto, Bolsonaro teria pedido para alterar o trecho que previa a prisão das autoridades, deixando apenas uma brecha para que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, fosse para a cadeia.

Segundo Cid, o esboço do documento tinha diversas páginas e foi levado em uma das reuniões de Martins com Bolsonaro após a vitória de Lula nas eleições de outubro passado.

Após a sinalização de Bolsonaro, Martins teria feito a alteração e levou a nova versão ao ex-presidente dias depois. 

Bolsonaro teria avalizado a alteração e mandado convocar os comandantes das Forças Armadas para discutir o golpe e apresentar a minuta. A reunião resultou no apoio irrestrito do almirante Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha. 

Mas a ideia teria sido barrada pelo comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, que teria inclusive ameaçado dar voz de prisão a Bolsonaro.

Em diversas reuniões com a cúpula militar, ainda segundo Cid, Bolsonaro também teria pedido que os acampamentos golpistas em frente aos quartéis-generais não fossem desmantelados.

Segundo Cid, Bolsonaro teria prometido aos militares que encontraria provas de fraude nas urnas eletrônicas e dito que a mobilização dos apoiadores extremistas seria fundamental para contestar o resultado das eleições.