O Brasil enfrentava o pesadelo da pandemia em abril de 2021, com uma média de quatro mil cidadãos mortos por dia e com a crise socioeconômica devastando os lares de Norte a Sul do país, mas no dia 3 daquele mês a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, desembarcava num paraíso: São Miguel dos Milagres, no litoral de Alagoas.
A esposa do agora ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ia curtir seis dias de “férias” na chamada rota ecológica litoral nordestino e, para isso, levou vários de seus assessores e guarda-costas. Todos ficaram hospedados numa pousada do acanhado e belíssimo município praiano de Passos de Camaragibe (AL), deixando para trás uma fatura de R$ 16,2 mil. Para trás, não. Ela foi paga pelo cartão corporativo da Presidência da República.
As notas fiscais analisadas pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo da viagem realizada por Michelle não têm dados sobre despesas em nome dela. Tudo que consta lá é relativo aos servidores que a acompanharam na viagem ao litoral alagoano. Como também não há os nomes discriminados um a um, fica impossível saber quem efetivamente gastou aqueles valores e quantas pessoas eram exatamente. Quem assina como cliente é a “Secretaria Especial de Administração da Presidência da República”.
Não se trata de regular ou tentar ditar regras sobre quando e como devem passar “férias” a primeira-dama ou o presidente. Se a intenção era pegar um sol e passar horas se banhando, tomando alguma coisa, ouvindo música e relaxando, é importante lembrar que o Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de Estado, dispõe de uma imensa área de lazer com muito verde, cadeiras, espreguiçadeiras e guarda-sóis, além de uma piscina faraônica de 50x18 metros, revestida de azulejos azul-brenand, além de bar e churrasqueira, como destaca o site oficial da Presidência.
Servindo como local de férias, há vários quartéis e bases do Exército e da Marinha, como o Forte dos Andradas, no Guarujá (SP), Forte Marechal Luz, em São Francisco do Sul (SC) e a Base de Aratu, em Salvador (BA), que por suas dimensões e alojamentos permitem a estadia dos funcionários que acompanham essas autoridades.