Demitido do comando do Exército por Lula (PT) neste sábado (21), o general Júlio César de Arruda ameaçou dar início a uma guerra contra a Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) para defender os terroristas que se esconderam no acampamento golpista em frente ao quartel-general de Brasília após a depredação do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e edifício-sede do Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 8 de janeiro.
Arruda foi demitido por Lula após uma série de atos de insubordinação, entre eles a recusa de exonerar o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o Mauro Cid ou "coronel Cid", que atuava como uma espécie de "Queiroz Federal" junto a Jair Bolsonaro (PL).
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No entanto, os fatos revelados pelo coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PM-DF que está preso, mostram que o general estava disposto a provocar um conflito armado entre as forças de segurança para defender os terroristas no acampamento.
Arruda, que teria dito ao ministro da Justiça, Flávio Dino, que ele não iria "prender ninguém aqui" na noite do dia 8, fez a ameaça em tom ríspido ao então comandante da PM-DF, que teria ordens para desmobilizar o acampamento golpista logo após a ação terrorista.
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O general teria indagado, de forma ameaçadora, o comandante da PM sobre a ação: "Acho que eu tenho um pouco mais de tropa que o senhor, não é coronel?", teria perguntado Arruda. A informação foi divulgada por Bela Megale, na edição desta segunda-feira (23) do jornal O Globo.
Na mira
A declaração, que consta no depoimento de Vieira, teria sido a gota d'água para que Lula decidisse a exoneração de Arruda, que já estava na mira do presidente.
Em conversa com jornalistas no dia 12, Lula defendeu a permanência de José Múcio no Ministério da Defesa e mandou recado para Arruda.
“As Forças Armadas não são poder moderador como eles pensam que são. As Forças Armadas tem um papel definido na Constituição que é a defesa do povo brasileiro e a defesa da nossa soberania contra conflitos externos. É isso que eu quero que eles façam bem feito”, afirmou.
Lula ainda apontou a "conivência" de "muita gente das Forças Armadas" com os golpistas.
“Estou esperando a poeira baixar. Eu quero ver todas as fitas que foram gravadas dentro da Suprema Corte, da Câmara, do Palácio do Planalto. Teve muita gente conivente. É importante dizer”, afirmou o presidente. “Teve muita gente da Polícia Militar conivente, teve muita gente das Forças Armadas aqui de dentro conivente. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse, porque não tem porta quebrada. Significa que alguém facilitou a entrada deles aqui”, acrescentou.