A Operação Lesa Pátria, levada a cabo na manhã desta sexta-feira (20) por agentes da Polícia Federal (PF) em cinco estados e no Distrito Federal, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra os bolsonaristas envolvidos nos atos terroristas do dia 8 deste mês, levou à prisão uma figura que ficou famosa por protagonizar uma cena grotesca, absurda e covarde na época da pandemia da Covid-19.
Renan Silva Sena, um antigo funcionário terceirizado do governo Bolsonaro, em maio de 2021, auge da pandemia e momento em que o Brasil registrava até cinco mil mortos diariamente pela Síndrome Respiratória Aguda Grave provocada pelo vírus Sars-Cov-2, foi para a Praça dos Três Poderes, em Brasília, e agredia violentamente com palavras (e quase fisicamente, se não fosse algumas pessoas a segurá-lo) um grupo de enfermeiras que protestavam por melhores condições de trabalho e pela ampliação do isolamento social.
“Sem-vergonha”, “covardes” e “analfabetos funcionais” foram algumas das palavras ditas aos berros por Sena, que aparentava estar completamente descontrolado e ensandecido. As enfermeiras faziam um protesto silencioso, segurando cruzes de madeira e vestindo jalecos brancos, símbolo da categoria. As imagens rodaram o mundo e mostram a face mais fundamentalista e doentia do bolsonarismo, uma facção composta por radicais de extrema direita que venera Jair Bolsonaro (PL), o agora ex-presidente, à época no cargo.
Sena foi preso em casa, no Distrito Federal, e no local os agentes da PF encontraram ainda R$ 22 mil e dinheiro. Ele entrou no alvo das autoridades por ter divulgado em grupos bolsonaristas, dois dias antes dos ataques terroristas, um vídeo no qual convocava os radicais para “uma grande ação neste fim de semana”.