RESPOSTA

Ministro Padilha diz que Zema foi leviano e quer levar a máquina de fake news para MG

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia, o ministro Alexandre Padilha, afirmou, ainda, que instituições militares e civis estão contaminadas por atitudes golpistas

O ministro Alexandre Padilha.Créditos: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais, fez duras críticas em relação às declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que responsabilizou o próprio governo Lula (PT) pelos ataques terroristas em Brasília do dia 8 de janeiro.

O governador Zema foi leviano. Ele quer levar a máquina de fake news, que funcionava no terceiro andar do Palácio do Planalto ne Era Bolsonaro para Minas Gerais. Essa tática antijogo que ele está usando é de uma época que acabou”, declarou Padilha, em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (18).

O ministro afirmou, ainda, que o novo governo federal pretende criar novas relações federativas e esse tipo de comentário só prejudica o processo.

Ele exemplificou: “A fala do governador Zema é como se a vítima fosse culpada pelo estupro. Os Três Poderes foram vítimas de terrorismo. Ele quer reeditar a Era da propagação de fake news e vai ter que se explicar”.

Ainda em relação aos atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília, Padilha defendeu a atuação do ministro da Defesa, José Múcio. “Todas as ações de combate aos ataques foram combinadas com ele. Sua participação foi fundamental para desmontar os acampamentos golpistas”, disse.

Ministro destaca que agentes públicos militares e civis colaboraram com atos terroristas

Padilha também comentou sobre a informação divulgada nesta quarta de que o Ministério Público Federal (MPF) acatou uma notícia-crime da deputada eleita Luciene Cavalcante (PSOL-SP), que denunciou o general Júlio César de Arruda, comandante do Exército, por prevaricação pela inação diante dos acampamentos golpistas montados por apoiadores de Jair Bolsonaro em frente aos quartéis-generais da força.

Sem citar o nome do general, o ministro afirmou: “As Forças Armadas, as Polícias Militares, as instituições militares e civis estão contaminadas por atitudes golpistas. Não há dúvida que agentes públicos, infelizmente, colaboraram e até estimularam, individualmente ou em grupos, os atos terroristas. Isso terá de ser fortemente apurado e todos punidos”.

Ele destacou, também, a eficiência da ação do governo no combate às ações dos vândalos em Brasília, e comparou a situação ao ataque ao Capitólio, nos Estados Unidos, onde seis pessoas morreram.

“Nós desmobilizamos o golpe, desmontamos os acampamentos sem uma vítima fatal sequer”. Mesmo assim, reafirmou: “Qualquer tipo de prevaricação tem que ser apurada. É fundamental até mesmo para a imagem das Forças Armadas”.

Alexandre Padilha divide primeiros dias do governo em três momentos

Padilha dividiu os primeiros dias do governo Lula em três momentos: “A posse, quando pudemos relembrar tudo que o presidente passou e tudo que o país sofreu nos anos do Bolsonaro, nossa mobilização popular. Isso tem um valor histórico. Além disso, um dia depois, Lula se reuniu com 19 presidentes e chefes de Estado para definir acordos bilaterais. É mais do que Bolsonaro fez em quatro anos”.

O segundo momento, segundo o ministro, se relaciona às primeiras medidas tomadas por Lula. “Houve uma ação forte contra o sigilo de 100 anos do Bolsonaro, medida provisória para recuperar recursos da farmácia popular, retirada de  estatais do programa de privatização, ações de proteção ambiental, revisão da Lei Rouanet, além do Auxílio Brasil, que começa a ser distribuído hoje (quarta) no valor de R$ 600, que só foi possível graças à atuação do governo”, analisou.

“A terceira dimensão é que conseguimos estancar o golpe que estava para ocorrer no país. Depois que o governo decretou a intervenção na segurança do Distrito Federal, descobrimos que havia cerca de 100 ônibus de golpistas a caminho de Brasília. Conseguimos o bloqueio, inclusive com a ajuda do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil)”, acrescentou Padilha.

“Governo não vai interferir nas eleições da Câmara e do Senado”, diz

Questionado sobre o papel do Executivo nas eleições da Mesa e da presidência da Câmara e do Senado, o ministro disse: “O governo não vai interferir. Há respeito institucional. Meu partido, o PT, já definiu apoio a Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tiveram participação muito firme no combate aos atos do dia 8. Queremos manter a melhor relação possível com as duas Casas”, completou.

Assista à íntegra da entrevista: