TERROR BOLSONARISTA

Anderson Torres se cala em depoimento à Polícia Federal

Preso na "Papudinha", Torres estaria "angustiado" e reclamou das condições da cela, que tem uma antessala e estava equipada com um frigobar. PF teria liberado microondas e televisor para ex-ministro de Bolsonaro.

Anderson Torres e Augusto Heleno.Créditos: Tom Costa / MJSP
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Sentindo-se abandonado por Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, se manteve calado e não respondeu às perguntas em seu primeiro depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (18).

Segundo informações a TV Globo, o advogado do ex-ministro, Rodrigo Rocca, esteve por duas horas no Batalhão da Polícia Militar anexo ao Presídio da Papuda, carinhosamente chamado de ‘Papudinha’, para acompanhar o depoimento e saiu sem falar com a imprensa, voltando em seguida.

Torres é acusado de "descaso" e "conivência" com os atos terroristas de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no dia 8 de janeiro e, por esse motivo, teve a prisão decretada. 

"Abalado" e "angustiado", Torres pediu e recebeu uma psicóloga. Ele também teria reclamado das condições da cela, que tem uma antessala e o alojamento logo atrás.

O local estava equipado apenas com um frigobar, mas diante da reclamação do ex-ministro, a PF teria liberado a colocação de um forno microondas e um aparelho de televisão.

"O que eu fiz?"

Segundo pessoas próximas, Torres tem mostrado abatimento desde que teve a prisão decretada.

"O que eu fiz para ser preso?", indagava o ex-ministro. "O que eu deixei de fazer?", emendava ainda na Flórida, Estados Unidos, onde passava "férias" um dia após ter assumido a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e destituído a cúpula de boa parte da estrutura da pasta.

Recados

Da cadeia, onde recebeu a visita do advogado Rodrigo Roca, Torres estaria mandando avisar a quem quiser ouvir “que está se sentindo abandonado” por Bolsonaro. 

Isolado na solidão do cárcere, o ex-ministro poderia dar início a um processo de delação e comprometer os figurões do antigo governo que conspiraram arregimentando um golpe de Estado que teve direito até a uma “minuta” estabelecendo como seria a tomada de poder por conta da derrota do líder de extrema direita nas urnas.

Torres já teria deixado o entorno de Jair Bolsonaro preocupado, pois as manifestações de descontentamento e o “abandono” poderiam fazê-lo começar a colaborar com as investigações desde já, delatando a participação de todos os envolvidos na tentativa de golpe, o que, presume-se, engloba o ex-presidente ultrarreacionário que fugiu para os EUA.