ATAQUE À DEMOCRACIA

Questionado sobre o futuro de Bolsonaro, Lira abandona o ex-presidente e antigo aliado

Na última sexta-feira a Suprema Corte acatou pedido da PGR e incluiu o ex-mandatário na investigação sobre o ataque terrorista em Brasília

Questionado sobre o futuro de Bolsonaro, Lira abandona o ex-presidente e antigo aliado.Créditos: Marcos Corrêa/PR
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Na última sexta-feira (13) o ex-presidente Bolsonaro (PL) passou a ser oficialmente investigado no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos terroristas perpetrados por bolsonaristas no dia 8 de janeiro, em Brasília. 

O ministro Alexandre de Moraes, na noite desta sexta-feira (13), acatou pedido feito pela Procuradoria-Geral da República para incluir o ex-presidente na investigação sobre os mentores intelectuais do ataque golpista às sedes dos Três Poderes. A solicitação da PGR ao Supremo foi feita com base em um pedido apresentado na quinta-feira (12) por um grupo de mais de 80 procuradores, que acusam Bolsonaro de incitação ao crime. 

Diante de tal cenário, o presidente da Câmara dos Deputados e antigo aliados de Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), foi questionado sobre a decisão da Corte de incluir o ex-presidente na investigação do ataque terrorista contra os prédios dos Três Poderes da República. 

"O meu CPF é um. O do [ex] presidente é outro. Nossa fala não muda: todos que praticaram e contribuíram para esses atos de vandalismo devem ser severamente punidos", declarou Arthur Lira. 

Lira também afirmou que, além do ex-presidente, parlamentares que espalham mentiras e relativizam o ataque criminoso do dia 8 de janeiro, também podem ser penalizados. 

"Todos que tiverem responsabilidade vão responder. Inclusive parlamentares que andam difamando e mentindo, com vídeo, dizendo que praticamente houve inverdades nas agressões que a Câmara dos Deputados sofreu em seu prédio. Então, esses deputados serão chamados à responsabilidade, porque todos viram", alertou Lira. 

 

Cappelli: Houve conivência de pessoas “presentes na estrutura do Estado” nos atos terroristas

 

O interventor da segurança pública no Distrito Federal, Ricardo Cappelli, declarou que os atos terroristas que ocorreram no dia 8 de janeiro, em Brasília, não teriam acontecido sem a conivência de pessoas "presentes na estrutura do Estado brasileiro".

“A situação é gravíssima. Não há dúvida que a linha golpista, extremista bolsonarista penetrou em parcelas importantes do governo. O dia 8 ainda não acabou. Há muita história a ser contada e desvendada e vamos até as últimas consequências para apurar tudo. A sociedade brasileira vai saber o que aconteceu e quem participou dessa ação”, afirmou Caoppelli, em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (16).

O interventor mencionou, ainda, depoimentos de policiais que apontaram a participação de “profissionais no campo de batalha, com aplicação de táticas de combate" nos atos terroristas de Brasília. “Eles, inclusive, usaram luvas especiais para pegar as bombas de efeito moral e devolver. Trata-se de uma organização criminosa. Todos serão identificados e tratados na forma da lei”.

Cappelli disse, também, que o país viveu momentos de tensão no dia 8. "Ninguém imaginava que a ousadia da extrema direita chegasse a tanto. O que aconteceu foi inaceitável, não há precedente”.

O interventor relatou que logo que foi nomeado para a função pelo presidente Lula (PT) passou a comandar diretamente as ações de combate aos golpistas.

Questionado sobre o fato de o Exército não ter permitido que a Polícia Militar (PM) desmontasse o acampamento de Brasília no dia 8, Cappelli explicou: “Quando me dirigi ao setor militar urbano, recebei um apelo do general Dutra no sentido de promover a operação de desmonte a partir das 6h30 de segunda-feira (9), pois à noite poderia gerar conflito”.