O Partido Liberal (PL), fundado da forma como é hoje há 17 anos e surgido a partir do antigo Partido da República (PR), entrou na aventura pelo poder quando resolveu dar abrigo a Jair Bolsonaro, um ex-deputado do baixo clero e completamente extremista e reacionário que poucos anos antes havia chegado à Presidência da República. A intenção era nutrir-se de seus votos, o que até certo ponto deu certo, e ainda por cima reelegê-lo para o cargo, gozando de todas as “maravilhas” que o posto pode oferecer.
Só que a empreitada deu muito errado, já que, após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro entrou num espiral fortíssimo de golpismo descarado, pregando a invalidação da eleição e propagando mentiras e teses esdrúxulas para melar o pleito. O PL embarcou e, com oito dias de mandato do novo presidente da República, os fanáticos terroristas que dão sustentação popular a Bolsonaro resolveram invadir Brasília e destruir a sede dos três poderes.
Pelo embarque no discurso golpista o PL recebeu uma estrondosa multa de mais de R$ 22 milhões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por “litigância de má-fé”. Pelo caso dos terroristas, recebeu uma espécie de punição moral: passou de vez à lata do lixo da História por abraçar um golpista baixo e violento.
Agora, diante de todo esse cenário de “demolição” na sigla, sua direção tenta uma manobra ousada e surpreendente para conseguir “reviver” no mundo político. Segundo a coluna da jornalista Bela Megale, do diário carioca O Globo, os principais caciques do PL tentam uma aproximação direta, sem interlocutores, com o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, acabou por virar o grande símbolo da “contaminação” do PL pelo bolsonarismo. Para outras lideranças, que já inclusive ameaçaram abandonar a agremiação política, a estratégia de abraçar Bolsonaro e de, posteriormente, ter embarcado em seu golpismo contra a eleição trouxeram as trevas para o partido, que agora deveria, então, se aproximar diretamente de Moraes para deixar claro que está contra qualquer discurso golpista.
Outro problema, na avaliação dessas lideranças, é que ficar batendo de frente com o apelidado “Xandão” só isolará ainda mais o PL e colocará a sigla contra todo o Judiciário, que se vê representado pela coragem e empenho do ministro do STF.