Nesta quinta-feira (12), quatro dias depois dos atos terroristas em que bolsonaristas destruíram as sedes dos Três Poderes em Brasília, uma servidora pública do Ministério da Defesa fez postagens nas redes sociais pedindo ‘socorro’ às Forças Armadas. Ela publicou um ‘stories’ onde aparece ajoelhada e batendo continência diante de uma faixa que pede intervenção das Forças Armadas na democracia brasileira. “Forças Armadas, salvem o Brasil”, diz o cartaz.
Trata-se de Cristiane Lemos Batista de Freitas que é desde 7 de dezembro de 2022 assistente técnica do Programa Calha Norte, do Ministério da Defesa, com salário de quase R$ 3 mil. Defensora do armamento da população e com licença de CAC (Caçador, Atirador Desportivo e Colecionador), a servidora nunca escondeu ser admiradora de Jair Bolsonaro.
Te podría interesar
O próprio Instagram de Cristiane, fechado para o público, mostra seu ativismo a favor das armas. Ela costuma fazer posts em treinamentos de tiro ou mesmo posando com armas. O post fixado no perfil é um vídeo gravado do ano passado em que o ex-presidente Jair Bolsonaro pede voto aos CACs e diz que se fosse eleito a classe aumentaria para 2 milhões.
Cargos durante o último governo
Cristiane foi nomeada como assessora do Ministério da Cidadania logo no começo do governo armamentista, em maio de 2019, com salário de pouco mais de R$ 3 mil, assim como o atual. O trabalho aparentemente foi bem avaliado.
No ano seguinte, em 2020, foi nomeada assessora do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, a fim de atuar na Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, área em que obviamente nunca atuou. Nesse segundo cargo, seu salário superou os R$ 10 mil.
Em março de 2022, mais uma nomeação e troca de cargo dentro do governo verde-oliva. Agora como Diretora do Departamento de Educação e Cidadania Ambiental, da Secretaria de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Cristiane estava um cargo alto, com remuneração de quase R$ 15 mil, e novamente sem ter qualquer experiência na área. A nomeação foi contestada à época justamente por essa razão. Mas os questionamentos acabaram sendo ignorados e ela permaneceu a frente do Departamento por quase nove meses.
Só em dezembro, um mês após a vitória eleitoral do presidente Lula e com iminente demissão sumária em janeiro, uma vez que a nova gestão buscava substituir os agitadores bolsonaristas que tinham cargos no Planalto, preferiu trocar o alto cargo por um com salário mais baixo, quase cinco vezes menor. A troca aparentemente a deixou menos exposta a uma possível demissão, além de prever a possibilidade de realizar viagens a serviço.