Inconformado com as decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proibiu o porte de armas em seções eleitorais e com recente decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que limita seus decretos sobre armas para conter a violência política no período, Jair Bolsonaro (PL) voltou a desferir ataques contra a Justiça tensionando as relações às vésperas dos atos de 7 de Setembro.
"Eu só quero transparência. E você vê as medidas adotadas por gente do TSE exatamente para exibir pessoas simpáticas à minha pessoa de votar. A questão das armas... Violência política, o que é isso? Inventaram violência política para pegar os decretos que estão com o ministro Kássio [Nunes Marques] sob pedido de vistas e dar uma canetada por fora e dizer: não tem mais armas no Brasil", afirmou Bolsonaro, emendando com uma de suas fake news, de que "todas as ditaduras foram precedidas por campanhas desarmamentistas".
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Bolsonaro ainda usou a busca e apreensão contra seu ex-ministro da Justiça, Sergio Moro (União), como exemplo da "covardia" da Justiça Eleitoral.
"Vocês veem agora uma agressão em cima do Sergio Moro. Eu não tenho nada para defender o Moro, tenho péssimas recordações quando foi ministro meu aqui, que poderia ter feito muita coisa e não fez. Mas, esse fato de ir à casa do Moro ou até se fosse no escritório político dele isso é uma agressão. Por causa de tamanho de letra? Faz por escrito. Uma covardia que fizeram contra o ex-ministro Moro, uma covardia o que fizeram com os empresários", disse Bolsonaro, que ainda citou a reportagem de Juliana Dal Piva sobre a compra de imóveis em dinheiro vivo pelo clã.
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"Como estão fazendo uma covardia com meus familiares lá do Vale do Ribeira com essa matéria sem base nenhuma, uma matéria acusatória sobre bens da família Bolsonaro, o clã Bolsonaro. Sem qualquer indício de corrupção. Os documentos em cartório estão lá escrito dinheiro em moeda corrente. Porque essa covardia? Querem eleger o Lula na mão grande? Parece que é isso", emendou.
Decisão de Fachin
Na entrevista, Bolsonaro ainda afirmou que "não concorda em nada" com Fachin e se for eleito "resolve a questão dos decretos em uma semana".
"E peço que quem está assistindo acredite em mim. Acabando as eleições, a gente resolve a questão dos decretos em uma semana. Todo mundo tem que jogar dentro quatro linhas da Constituição", disse sem dar detalhes.
Bolsonaro ainda classificou os inquéritos comandados por Alexandre de Moraes como "irregulares, ilegais e inconstitucionais".
"Quantas vezes conversamos, e, alguns dias depois, ele volta ao que era antes? Ele levou o convite para mim, fui na posse [como presidente do TSE], foi um discurso pesado e o que aconteceu logo depois? Ele continua tomando medidas. Eu acho que é consenso, acho que ninguém vai falar que eu estou errado, são inquéritos completamente irregulares, ilegais, inconstitucionais Para ser democrata, você tem que seguir a Constituição e respeitar as leis. Nenhuma lei foi respeitada nesses inquéritos", disparou.
Na sequência, Bolsonaro ainda falou do principal motivo dos ataques: o medo dos filhos serem presos.
"Se eu deixar isso acontecer, daqui a pouco prende um filho meu por fake news, daí vou tomar providência? Fake news, como já foram ameaçados meus filhos de fake news", disse Bolsonaro antes dos atos de 7 de Setembro, que se notabilizaram no ano passado pelo discurso em que chamou Moraes de "canalha".