O Exército Brasileiro divulgou uma nota à imprensa nesta sexta-feira (30) desmentindo uma reportagem do diário conservador paulista O Estado de S. Paulo que informou que a força militar terrestre “aceitará o resultado das urnas” e que “quem ganhar leva”, em relação à eleição presidencial do próximo domingo (2), para qual o ex-presidente Lula (PT) desponta em todas as pesquisas de intenção de voto como o favorito.
“Sobre a matéria veiculada pelo jornalista Felipe Frazão, na data de hoje, e publicada no sítio eletrônico do jornal o Estado de São Paulo, intitulada - Alto-Comando do Exército diz que "quem ganhar leva" a Presidência e se afasta da auditoria de votos, o Comando do Exército manifesta total repúdio ao seu conteúdo. Na reunião do Alto-Comando do Exército (ACE), ocorrida entre 1º e 5 de agosto, não foram tratados assuntos de natureza político-partidária, tampouco houve qualquer manifestação de oficial do ACE nesse sentido. Os dados apresentados na matéria são inverídicos e tendenciosos. É lamentável que um veículo de expressão nacional promova desinformação que só contribui para a instabilidade do País. Dessa forma, as medidas judiciais cabíveis estão sendo estudadas. O Exército Brasileiro é uma instituição nacional, cônscio de suas missões constitucionais e democráticas, tendo na hierarquia e na disciplina seus pilares inabaláveis”, diz a nota da organização militar, que faz uma série de rodeios, mas não manifesta sua posição em relação ao tema.
Na matéria do Estadão, o repórter, Felipe Frazão, informa que a última RACE (Reunião do Alto-Comando do Exército), que durou cinco dias, entre 1° e 5 de setembro, teria deixado definida a adesão do grupo dos 16 principais generais do Exército ao resultado das urnas, aconteça o que acontecer. O texto reporta ainda que os oficiais mais graduados das três Forças Armadas “começaram a evitar exposição política e a dar sinais de distanciamento da inédita auditoria das eleições”, o que seria um claro sinal de que estariam recuando da pressão que exercem sobre o TSE, em conluio com Jair Bolsonaro (PL), que desde sempre fez questão de macular a imagem dos militares, trazendo a caserna para o centro do debate político, o que é inconstitucional.
A manifestação do Exército Brasileiro trouxe ainda mais apreensão, já que todas as instituições da República e os cidadãos que zelam pelos princípios constitucionais, agora, passam a não compreender com clareza qual é a posição da organização: se respeitará as obrigações de acordo com a Carta Magna, mantendo à margem do processo político-eleitoral, ou se embarcará numa iminente aventura golpista de Bolsonaro, que antes de tudo tem dado indícios de que tentará tumultuar o pleito.