Abandonado por grande parte dos até há pouco aliados e em desespero com pesquisas que apontam a possibilidade de vitória de Lula (PT) no primeiro turno, Jair Bolsonaro (PL) deve baixar ainda mais o nível do debate que acontece na noite desta quinta-feira (29) na TV Globo e atacar o adversário repetindo frases de efeito que utiliza principalmente entre apoiadores mais radicais.
As frases estão sendo selecionadas pelo marqueteiro da campanha, Duda Lima, que foi convencido por Bolsonaro e pelo filhos, Flávio e Carlos Bolsonaro - que coordenam a campanha e as mídias sociais do pai - de que é preciso partir para cima de Lula em uma tentativa de levar a eleição ao segundo turno.
A expectativa no núcleo duro da campanha de Bolsonaro é que o petista repita a postura mais defensiva do primeiro debate, na Band, quando titubeou em responder perguntas chaves, especialmente sobre a questão da corrupção.
Bolsonaro deve retomar os ataques que dominaram seu último programa eleitoral na TV, quando dedicou todo o tempo a baixar o nível chamando Lula de "ladrão".
O presidente ainda deve recorrer à condenação de outros petistas que atuaram nos governos de Lula, como José Dirceu e José Genoíno, além de tentar provocar o adversário com temas como aborto e liberação das drogas.
Lula, que dedica esta quarta-feira (28) e toda a quinta-feira (29) para se preparar, acredita no entanto que "não tem debate que vire o jogo".
O petista, no entanto, passou por media training com Edinho Silva e Rui Falcão para reunir argumentos para fugir de temas espinhosos que serão colocados por Bolsonaro.
Lula ainda buscará se manter centrado, sem entrar na provocação que será feita por Bolsonaro, que fará de tudo para que o adversário fique nervoso e revide os ataques - corroborando as imagens difundidas pelo clã presidencial entre apoiadores.
Além disso, Bolsonaro conta com Padre Kelmon (PTB) e Ciro Gomes (PDT) como força auxiliar na artilharia contra Lula.
As regras do debate
Acordado entre representantes dos sete candidatos que participam - além de Lula, Bolsonaro, Ciro e Kelmon, estarão presentes Simone Tebet (MDB), Soraia Thronicke (União) e Felipe D'Ávila (Novo) -, o debate terá início às 22h30 e deve se estender até a madrugada de sexta-feira (30), último dia permitido de campanha nas ruas.
Serão quatro blocos: dois com temas livres, candidatos perguntando para candidatos, e dois com temas determinados (e que serão sorteados na hora) pela produção do programa.
As perguntas deverão ser feitas em 30 segundos e com mais um minuto de réplica. O candidato escolhido para responder terá que fazê-lo em três minutos entre resposta e tréplica.
Por sorteio foi definido que os dois últimos a falar serão justamente os líderes nas pesquisas: Lula e Bolsonaro, nesta ordem. Os dois não estarão lado a lado no estúdio.
Se algum dos convidados faltar, o lugar continuará no estúdio com a placa de identificação. Ele também poderá ser alvo de perguntas.