O presidente Bolsonaro (PL) e o seu filho primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), visitaram duas vezes o líder miliciano e ex-capitão do Bope Adriano Nóbrega entre os anos 2004 e 2005. O presidente e o seu filho também prestaram homenagens ao criminoso. As informações são do UOL.
Em 2019, Adriano Nóbrega foi apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) como o chefe da milícia conhecida como "Escritório do Crime" e também por ter participado de outro grupo paramilitar em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.
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A assessoria de imprensa de Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro justificaram as visitas com o argumento de que na "época das homenagens era impossível prever que alguns desses policiais pudessem desonrar a farda". Essa tese é repetida há tempos por ambos.
Segundo informações do UOL, a primeira visita ocorreu durante um suposto motim de policiais que estavam presos no recém-criado Batalhão Especial Prisional (BEP) em 28 de outubro de 2004.
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A segunda visita ocorreu por ocasião da entrega da medalha Tiradentes, considerada a maior comenda do estado do Rio, pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a Adriano Nóbrega. Jair Bolsonaro marcou presença na homenagem.
Em 2004, Adriano Nóbrega estava preso aguardando julgamento pela morte do manobrista Leandro dos Santos Silva, ocorrida em novembro de 2003. Nóbrega e um grupo de policiais foram presos em flagrante acusados de executar Silva, que havia denunciado um episódio de tortura e extorsão comandado por Nóbrega.
Adriano Nóbrega foi morto durante uma operação policial na Bahia, em fevereiro de 2020, após passar um ano como fugitivo da Justiça. Ele havia sido denunciado na Operação Intocáveis pelo MP-RJ.
Viúva de Adriano Nóbrega trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro
Julia Emilia Mello Lotufo, viúva de Adriano Nóbrega, chegou a trabalhar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), entre 2016 e 2017. Ela foi nomeada para o setor de recursos humanos da Casa pelo então presidente Jorge Picciani. No ano seguinte, foi exonerada.
Nesse período, também trabalhavam na Alerj Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, respectivamente mãe e ex-esposa de Adriano. As duas eram lotadas no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro e são suspeitas de terem participado do esquema de “rachadinha”.
Família Bolsonaro condecorou 16 PMs denunciados por organização criminosa
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) pediram condecorações a, pelo menos, 16 policiais denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) como integrantes de organizações criminosas. A iniciativa foi para atender a um desejo do pai, Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com reportagem de Juliana Dal Piva e Elenilce Bottari, no UOL, os homenageados da família Bolsonaro foram presos e denunciados em oito das mais relevantes operações de combate ao crime organizado no Rio, entre 2006 e 2022: Calabar, Quarto Elemento, Purificação, Intocáveis, Gladiador, Amigos S/A, Segurança S/A e Águia na Cabeça.
Entre os condecorados estão Adriano Nóbrega, o major Ronald Pereira e, mais recentemente, o delegado e ex-chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski.