ACM Neto, que disputa o governo do Bahia pelo União Brasil, declarou que a esquerda é "hipócrita" ao ser novamente questionado sobre a sua autodeclaração racial ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O candidato conservador está envolto a uma polêmica, pois, se autodeclarou pardo ao TSE. Ao ser questionado, Neto afirmou que sempre se entendeu e declarou como pardo, o que é mentira, conforma revelou nesta sexta-feira matéria do jornal A Tarde.
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Documentos obtidos pelo jornal revelam que ACM Neto se declarou branco ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antes de "virar" pardo.
No ato de registro de sua candidatura, realizado no dia 7 de agosto, ACM Neto se autodeclarou branco. A mudança ocorreu pouco tempo depois.
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Ao jornal O Globo, ACM Neto, apesar dos documentos mostrarem o contrário, voltou a afirmar que se declara pardo desde 2016. "Para os políticos de esquerda tudo bem, pode. Quando você não é de esquerda ou não é do PT, não vale? Ora, isso é uma hipocrisia, algo inaceitável. Do lado de lá ninguém fala nada, porque todos eles, que têm cor praticamente igual à minha ou até mais clara, como é o caso da deputada Alice Portugal, podem se autodeclarar pardos", disse.
ACM Neto também negou que a sua "mudança" racial tenha sido para obter o Fundo eleitoral. "Minha autodeclaração não tem nada a ver com cota partidária, com Fundo Eleitoral. Eu sou secretário nacional do União Brasil. Eu jamais precisaria desse tipo de artifício para receber recursos públicos do partido. Isso não existe", se defendeu.
Após se declarar pardo, ACM Neto aparece bronzeado em entrevista na Globo e ataca o IBGE
Herdeiro do clã político mais conservador da Bahia, de linhagem branca no estado que tem mais 79,5% da população negra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ACM Neto (União Brasil) apareceu bronzeado em entrevista à TV Bahia nesta segunda-feira (12) e atacou o próprio IBGE de tentar confundir a identidade de raça no país.
"Apesar de se autodeclarar como pardo, [você] não é lido socialmente como uma pessoa negra, uma pessoa parda. O senhor acha que isso merece uma reflexão, candidato, já que isso pode distorcer políticas públicas eleitorais, por exemplo cotas para candidatos negros, que não há? Há cotas para mulheres, porque a Justiça Eleitoral percebeu que há uma diminuição de mulheres na política. Não há para negros, ainda mais agora quando o TSE divulga que candidatos negros superaram o número de candidaturas [de brancos]", argumentou o apresentador, irritando ACM Neto.
"Oh, Vanderson, vamos lá. Quem é que faz minha leitura social como branco?", disparou, recebendo como resposta: "Toda a sociedade".
"Toda a sociedade, não. Você disse que há uma leitura social de que eu sou branco. Quem é que faz essa leitura social? Porque eu me considero pardo. Você pode me colocar ao lado de uma pessoa branca, há uma diferença bem grande. Negro, não. Não diria isso. Jamais", respondeu o carlista.
Nascimento, então, argumentou: "É que pelo IBGE, pardos e pretos são negros". ACM Neto, descaradamente, respondeu atacando o instituto: "Então o erro é do IBGE, não meu. Simplesmente isso".