A jornalista Julia Duailibi, da GloboNews, protagonizou um momento, nesta quarta-feira (21), que viralizou nas redes sociais. Ela comentava ao vivo na emissora a queda de ACM Neto (União Brasil) nas pesquisas de intenção de voto para o governo na Bahia e atribuía isso ao fato do ex-prefeito de Salvador ter se autodeclarado como pardo à Justiça Eleitoral.
"A nossa colega Malu Gaspar trouxe uma apuração dizendo que isso, essa queda e subida tem a ver com a autodeclaração sobre a cor, feita por ACM Neto, em que ele se declara como pardo. E aí esse vídeo em que ele aparece também bronzeado... Levou a uma repercussão grande nas redes", disse Julia Duailibi, dando risada ao final da frase.
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Apareceu bronzeado
Herdeiro do clã político mais conservador da Bahia, de linhagem branca no estado que tem mais 79,5% da população negra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ACM Neto (União Brasil) apareceu bronzeado em entrevista à TV Bahia nesta segunda-feira (12) e atacou o próprio IBGE de tentar confundir a identidade de raça no país.
Herdeiro político de ACM - da linhagem de Francisco Peixoto de Magalhães Neto, branco, patrono do clã -, Neto se irritou ao ser indagado pelo jornalista Vanderson Nascimento, que é negro, que a autodeclaração à Justiça Eleitoral como pardo poderia causar confusão e dificultar a implantação de políticas públicas de inclusão.
"Apesar de se autodeclarar como pardo, [você] não é lido socialmente como uma pessoa negra, uma pessoa parda. O senhor acha que isso merece uma reflexão, candidato, já que isso pode distorcer políticas públicas eleitorais, por exemplo cotas para candidatos negros, que não há? Há cotas para mulheres, porque a Justiça Eleitoral percebeu que há uma diminuição de mulheres na política. Não há para negros, ainda mais agora quando o TSE divulga que candidatos negros superaram o número de candidaturas [de brancos]", argumentou o apresentador, irritando ACM Neto.
"Oh, Vanderson, vamos lá. Quem é que faz minha leitura social como branco?", disparou, recebendo como resposta: "Toda a sociedade".
"Toda a sociedade, não. Você disse que há uma leitura social de que eu sou branco. Quem é que faz essa leitura social? Porque eu me considero pardo. Você pode me colocar ao lado de uma pessoa branca, há uma diferença bem grande. Negro, não. Não diria isso. Jamais", respondeu o carlista.
Nascimento, então, argumentou: "É que pelo IBGE, pardos e pretos são negros". ACM Neto, descaradamente, respondeu atacando o instituto: "Então o erro é do IBGE, não meu. Simplesmente isso".