Durante o seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, realizado nesta terça-feira (20), o presidente Bolsonaro (PL) disse, entre tantos absurdos que o seu governo "combateu a ideologia de g??nero". Essa fala é milimetricamente pensada e vai ao encontro de uma ação perpetrada pela Assembleia de Deus de Blumenau (SC).
Segundo informações do Intercept, a Assembleia de Deus de Santa Catarina distribui desde julho uma cartilha de ódio contra o ex-presidente Lula, LGBT e feministas. O material afirma que o líder petista é um "defensor" da "ideologia de gênero" e associa o movimento feminista à pedofilia, zoofilia e outras "perversidades".
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"O feminismo representa uma das maiores armadilhas do mundo contemporâneo, levando a sociedade a um nível de depravação e perdição inimaginável. Como toda ideologia mundana, tomou proporções inimagináveis, financiando coisas sórdidas como: pedofilia, zoofilia, sexo desregrado, homossexualidade e diversas outras perversidades. O feminismo é uma aberração nascida no mais profundo inferno, produzindo divisão, briga, promiscuidade, homossexualidade e todo tipo de sordidez".
O material em questão foi distribuído nos templos da Assembleia de Deus de Blumenau e por toda região do Vale do Itajaí e foi utilizado na escola bíblica dominical ao longo do trimestre de julho e setembro.
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A cartilha do ódio produzida pela Assembleia de Deus de Blumenau também ataca a esquerda como um todo, as correntes cristãs, que são vistas como "liberais", não poupa os evangélicos que não querem misturar política e religião, atacam o Estado democrático de Direito e todo o regramento jurídico que garante alguns direitos aos casais LGBT. Além disso, o material também critica a Lei do Divórcio de 1977.
As políticas pró-LGBT dos governos Lula (2002-10) são alvos de ataques. "Durante o governo do presidente Luís (sic) Inácio Lula da Silva, o movimento LGBT e os ideólogos de gênero conquistaram garantias significativas através do PNDH-3 - Programa Nacional de Desenvolvimento Humano", diz trecho do material que, em seguida faz crítica direta ao respeito à livre orientação sexual.
Para a Assembleia de Deus de Blumenau, "isso é apenas o começo da catástrofe, pois quando a relativização domina, já não tem critérios para nada, e normalizar a pedofilia e o incesto é questão de tempo [...] nada de cair na conversa de que os cristãos estão se intrometendo na vida dos outros que desejam ser diferentes [...] eles não querem apenas um direito para ser quem desejam, querem implantar uma ditadura que afeta a nós e nossos filhos", diz a cartilha.
Todo esse cenário é classificado pela cartilha como o "apocalipse cristão contemporâneo" e envolve tópicos como "Marxismo cultural e seus impactos" e a "ideologia de gênero".
Obviamente que sobra para o patrono da Educação brasileira, Paulo Freire: "O desserviço da pedagogia de Paulo Freire".
No tópico do "Marxismo cultural", os fundamentalistas acusam tal corrente de pensamento como responsável pelo fato de mulheres não querem se casar antes dos 25 anos. "A bíblia e o marxismo são incompatíveis", sacramenta a cartilha do ódio.
O material é publicado pela editora Kaleo, que é de propriedade do pastor Alexandre de Almeida, da Assembleia de Deus de Blumenau.
Com informações do Intercept.