Em meio ao crescente ambiente de violência política que toma o Brasil por conta da eleição de 2 de outubro, que tem deixado eleitores do presidente Jair Bolsonaro cada vez mais agressivos, o Datafolha informou que pelo menos 10 de seus 470 pesquisadores foram hostilizados de maneira grave apenas na terça-feira (13), enquanto realizam entrevistas para o próximo levantamento, que será divulgado na quinta (15).
Os casos foram registrados em oito estados da federação: São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e em alguns episódios a situação saiu “apenas” da intimidação. Em Goiânia, um entrevistador foi empurrado por um bolsonarista que ordenou que ele saísse daquela região, enquanto num município do interior do Rio Grande do Sul um membro da equipe do instituto foi abordado por um PM, que teria informado que o conduziria até uma delegacia. No entanto, no caminho, o policial parou a viatura para interrogá-lo e intimidá-lo, desistindo da ideia de apresentá-lo no distrito, largando o funcionário numa outra área do município.
Diretora geral do Datafolha, Luciana Chong disse à reportagem da Folha de S.Paulo que as ocorrências mais comuns são eleitores que passam xingando e gritando para os pesquisadores, acusando instituto de ser “comunista”, e intimidando as equipes para que saiam do local onde estão trabalhando. Ela informou ainda que o registro desse tipo de ocorrência aumentou demais após o feriado do Bicentenário da Independência, em 7 de setembro, que foi sequestrado por Bolsonaro e transformado em ato político com forte discurso de ódio e de incitação à violência.
Há um mês, ainda em agosto, um caso grave já tinha ocorrido em Belo Horizonte (MG). Quatro homens correram atrás de uma pesquisadora, gritando que ela e o Datafolha era comunistas e tentando tomar o tablet usado para computar os dados do levantamento. Na fuga, apavorada, a mulher caiu no chão e acabou se ferindo.