No primeiro debate presidencial deste ano, realizado pela TV Bandeirantes e um pool de veículos no último domingo (28), Lula (PT), em confronto direto com seu principal oponente, Jair Bolsonaro (PL), questionou os decretos de sigilos de 100 anos que o atual presidente impôs a alguns fatos em seu governo.
O petista ainda prometeu revogá-los. "Estou aqui candidato para ganhar as eleições e, aí sim, em um decreto só, eu vou apagar todos os seus sigilos", disse Lula.
O assunto no debate fez com que as buscas por "sigilo de 100 anos" disparassem no Google. Ao ser confrontado com o tema, Bolsonaro desconversou e disse que só impôs tais decretos para assuntos de ordem pessoal, como com relação ao seu cartão de vacinação.
Há pouco mais de 4 meses, no entanto, o presidente chegou a debochar de um usuário do Twitter que questionou o sigilo imposto a um assunto de interesse público: os encontros entre Bolsonaro e os pastores lobistas Gilmar Santos e Arilton Moura, suspeitos de pedirem propina no Ministério da Educação (MEC) para liberar recursos para prefeituras.
"Presidente, o senhor pode me responder porque todos os assuntos espinhosos/polêmicos do seu mandato, você põe sigilo de 100 anos? Existe algo para esconder?", perguntou o usuário do Twitter identificado como Lucas Elias Bernardino em uma postagem de Bolsonaro. O titular do Palácio do Planalto, então, respondeu, usando um emoji com o sinal de positivo: "Em 100 anos saberá".
O internauta, por sua vez, reagiu à resposta de Bolsonaro. "Presidente, me parece um tanto quanto cômodo para o senhor e péssimo para toda a população, pq se a 'verdade é o que nos libertará', 100 anos não é muito tempo não?", questionou.
"E conhecereis a verdade..."
Uma das máximas repetidas a exaustão por Jair Bolsonaro é a frase bíblica "E conhecereis a verdade, e a verdade os libertará (João 8:32). Apesar de posar de paladino da transparência, o presidente, no entanto, recorrentemente impõe sigilo a fatos importantes e tenta esconder informações.
Entre os sigilos de 100 anos, estão, por exemplo, ao processo contra o ex-ministro Eduardo Pazuello, que é general do Exército, por ter participado de manifestação com cunho político-partidário, ao cartão de vacinação do presidente e aos registros de acesso de seus filhos ao Palácio do Planalto.
Outro sigilo colocado pelo governo é aos documentos sobre a viagem do presidente à Rússia, em fevereiro deste ano, uma semana antes do início da guerra com a Ucrânia.