O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, criticou nesta quinta-feira (25) a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, elaborada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e que ultrapassou 1 milhão de assinaturas.
Em entrevista à CNN Brasil nesta quinta-feira (25), Mello, que é primo de Fernando Collor, disse estar arrependido por ter assinado o documento. Segundo ele, a carta pela democracia se tornou "instrumento político" de apoio a Lula (PT) nas eleições deste ano.
"Devo dar a mão à palmatória (...) Eu vi que se passou a utilizar esse manifesto como um instrumento político para se fustigar o atual governo e se apoiar o que seria o candidato da oposição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eu, se soubesse que seria essa destinação do manifesto e não a simples reafirmação da democracia, eu não teria assinado", declarou o ex-magistrado.
Apesar de dizer que o manifesto foi utilizado como instrumento de apoio a Lula, o documento, em nenhum momento, cita o ex-presidente.
A carta pela democracia foi elaborada para fazer frente às ameaças de Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral brasileiro, que colocam em risco a realização das eleições e, por consequência, a soberania da escolha popular. O nome do presidente, no entanto, também não é mencionado.
“Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições (...) Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática”, diz um trecho do manifesto, que foi lido no dia 11 de agosto em cerimônia histórica na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo.
Marco Aurélio declara voto em Bolsonaro
Em entrevista recente ao portal UOL, o ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello indicou que deve votar em Jair Bolsonaro (PL) em um eventual segundo turno nas eleições deste ano.
De início, Marco Aurélio tergiversou e afirmou que ainda não tinha decidido o seu voto. "Eu ainda não sei em quem eu vou votar, mas eu não sou dado a essas polarizações, não sou dado a cartilha única e a minha tendência é votar naquele que esteja em terceiro lugar, e depois vamos ver esse segundo turno", disse.
Com a declaração, os jornalistas perguntaram então se o voto do ex-ministro era em Ciro Gomes (PDT), que está em terceiro lugar. "Imagina, nós temos a maioria de eleitores do sexo feminino e mesmo assim, como vivemos em um país machista, não se pensa na possibilidade de a Simone Tebet (MDB-MT), filha de um grande senador, vir a figurar em terceiro lugar, mas se for o Ciro Gomes, eu voto".
Posteriormente, o ex-ministro voltou a ser questionado sobre um eventual segundo turno disputado entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL). "É um problema sério, mas aí eu não imaginaria uma alternância para ter o presidente da República aquele que já foi durante oito anos o presidente da República e praticamente deu as cartas durante seis anos no governo Dilma. Eu penso que potencializaria o que se mostra positivo no governo atual e votaria pro presidente Bolsonaro, muito embora eu não seja bolsonarista", disse.
Marco Aurelio Mello foi nomeado para o STF em 1990 pelo então presidente Fernando Collor, que seria cassado em 1992 por corrupção. O magistrado permaneceu na Corte até 2021, quando pediu a sua aposentadoria.