CAMPANHA MILITAR

Coração de Dom Pedro: Entenda por que Bolsonaro repete gesto da Ditadura

O órgão chegou ao Brasil nesta segunda-feira transportado pela Força Aérea Brasileira; a relíquia veio da cidade do Porto, em Portugal

Coração de Dom Pedro: Entenda por que Bolsonaro repete gesto da Ditadura.Créditos: Reprodução/ TV Globo
Escrito en POLÍTICA el

O coração de Dom Pedro I chegou ao Brasil nesta segunda-feira (22). Transportado pela Força Aérea Brasileira (FAB), a relíquia veio da cidade do Porto, em Portugal. 

Conservador em formol há 187 anos, o coração do imperador deixa Portugal pela primeira vez e será utilizado na comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil no dia 7 de setembro. 

Nesta terça-feira (23) haverá uma cerimônia no Palácio do Planalto, na qual o presidente Bolsonaro (PL) estará presente. Posteriormente, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, o coração de Dom Pedro I ficará exposto no Palácio do Itamaraty até o dia 5 de setembro.

Porém, essa não é a primeira vez que os restos mortais de Dom Pedro I se torna objeto de propaganda política de personagens autoritários. 

Em 1972 a ditadura brasileira utiliza o cadáver de Dom Pedro I para fazer propaganda política. A cena ocorreu na celebração dos 150 anos da Independência. Assim como hoje, os restos de Dom Pedro I foram utilizados para um triste espetáculo ufanista. 

Segundo informações do portal Aventuras na História, o regime militar bancou anúncios nas revistas O Cruzeiro e Manchete, à época com as maiores circulações no país. A propaganda continha fundo verde-amarelo e trazia nomes de figuras consideradas importantes para a construção da pátria. Entre elas, o imperador e também o alferes Tiradentes, morto pelo império por lutar pela independência do Brasil.  

No ano em que os restos mortais de Dom Pedro I desembarcaram no país, o general Emílio Garrastazu Médico era o governante de então. 

Nesta época Brasil e Portugal tinham algumas peculiaridades históricas: ambos vivenciavam regimes ditatoriais e tiveram Dom Pedro I como imperador. 

Os militares brasileiros esticaram como puderam as celebrações dos 150 anos da Independência e, informa o Aventuras na História, os despojos de Dom Pedro I levariam cinco meses para chegarem em São Paulo, antes, os restos mortais fizeram uma turnê por várias capitais brasileiras. 

Após chegar no Rio de Janeiro, os restos de Dom Pedro I ficaram abertos para os visitantes durante três dias. Depois, a urna saiu da cidade carioca e iniciou o famoso tour pelas capitais brasileiras. 

No dia 7 de setembro, de 1972, e depois de muita propaganda nacionalista, os restos de Dom Pedro I chegaram à Cripta da Capela Imperial, no Monumento à Independência, localizado no Parque Independência, no Bairro Ipiranga, na cidade de São Paulo, onde permanece até hoje. 

A causa da morte de Dom Pedro I foi tuberculose, em 24 de setembro de 1834.

Bolsonaro, assim como os militares, quer repetir o grotesco teatro ufanista e militarista e explorar até onde puder o discurso de construção da pátria e seus supostos heróis e arquitetos.  

 

 

 

 

Com informações de Aventuras na História. 

Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar