O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou nesta sexta-feira (19) pedido de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) da Polícia Federal para a Procuradoria-Geral da República. A investigação é sobre uma fala do presidente em live de outubro do ano passado na qual associou as vacinas contra Covid-19 com a infecção por Aids.
Agora a PGR deve se pronunciar, autorizando ou não a Polícia Federal a indiciá-lo. Tudo indica que pedirá o arquivamento, pois em todas as ocasiões que processos que buscavam abrir investigações sobre o presidente caíram na instância, foram arquivados. O último deles, muito semelhante, sobre o dia em que Bolsonaro vazou informações sigilosas de investigação da PF em live, teve o pedido de arquivamento feito na última quarta-feira pela vice-PGR Lindôra Araujo.
De acordo com o relatório da PF divulgado na última quarta (17), Bolsonaro teria incitado os espectadores da sua live a não se vacinarem e a desrespeitarem as medidas sanitárias de então. Vale recordar que naquele mês o Brasil apenas começava a vacinar a população com a primeira dose e ainda havia muita incerteza quanto a continuidade da pandemia. Ainda na quarta, a investigação pediu junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da delegada Lorena Nascimento, autorização para indiciar e tomar depoimentos de Bolsonaro e do tenente Mauro Cid, que o ajudou a produzir o material.
Bolsonaro usou um estudo inexistente para basear sua fala. E além da fonte ter sido tirada sabe-se lá de onde, não faltaram declarações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou de outras autoridades em saúde, como o Instituto Fiocruz, desmentindo a declaração do presidente.
Além da live citada em que o presidente divulgou mais uma mentira, os investigadores também fizeram apontamentos a respeito do esquema de propagação das fake news bolsonaristas. Para os investigadores, o modus operandi bate com outros esquemas semelhantes no Brasil e no mundo, incluindo aquele que já é investigado no STF, e que trata do vazamento de dados sigilosos de uma apuração da PF sobre ataques às urnas eletrônicas.