VIOLÊNCIA POLÍTICA

Caso Marcelo Arruda: Advogados listam irregularidades e temem fuga de Guaranho

Na noite desta quarta a 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu (PR) converteu a prisão preventiva do bolsonarista Jorge Guaranho, assassino do petista Marcelo Arruda, em domiciliar

Caso Marcelo Arruda: Advogados listam irregularidades e temem fuga de Guaranho.Créditos: Reprodução
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Na noite desta quarta-feira (10) O juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu (PR), converteu a prisão preventiva do policial penal Jorge Guaranho, assassino do petista Marcelo Arruda, em domiciliar. Ou seja, Guaranho, que estava internado no Hospital Ministro Costa Cavalcanti e recebeu alta médica, vai para casa.  

Guaranho assassinou Arruda no dia 9 de julho, quando o petista comemorava seu aniversário com uma festa temática do PT, aos gritos de "Aqui é Bolsonaro". Antes de morrer baleado, Arruda disparou contra Guaranho, que estava hospitalizado desde então. 

Em carta divulgada nesta quarta-feira (10), familiares de Marcelo Arruda declararam que "a possibilidade do homicida vir a ter sua prisão revogada ou convertida em prisão domiciliar, nos causa perplexidade e temor, visto a periculosidade apresentada por um indivíduo que teve a audácia de cometer um ato extremo de desprezo pela vida de um ser humano". 

Com a prisão domiciliar de Guaranho decretada, a defesa de Marcelo Arruda emitiu na manhã desta quinta-feira (11) uma nota técnica onde listam uma série de irregularidades no caso. "É preciso relembrar que desde o início das investigações, uma série de acontecimentos inexplicáveis provocaram prejuízos a devida busca da Justiça. Com efeito, a demora na coleta do celular de Guaranho, das imagens do DVR e das câmeras localizadas no trajeto empreendido pelo criminoso para execução da ação delituosa são apenas alguns exemplos que demonstram o alegado, tudo sendo de responsabilidade do Governo do Estado". 

Os advogados da família de Marcelo Arruda também afirmam "que o Governador do Estado, Ratinho Junior, tem total responsabilidade perante este estado de coisas injusto. O Complexo Médico Penitenciário, sob a hierarquia da Secretaria de Segurança Pública, tem obrigação legal de prestar o serviço de custódia de presos que demandam cuidados médicos, incluídos fonoaudiologia e fisioterapia". 

"Dessa maneira, a negativa do CMP em receber Guaranho é o fato decisivo que levou a conversão da prisão preventiva em prisão domiciliar, na data em que se completou um mês do crime e próximo ao dia dos pais, data esta em que os 4 filhos de Marcelo Arruda não terão a presença do pai. Aos familiares de Marcelo, restará a celebração da missa de trigésimo dia", diz a defesa de Marcelo Arruda. 

A defesa também pede que a Assembleia Legislativa, através da Comissão criada para acompanhamento do caso Guaranho, verifique as condições reais do Complexo Médico Penal e as responsabilidades do senhor Governador". 

Por fim, os advogados Ian Vargas e Daniel de Oliveira Godoy Junior atentam para a possibilidade de fuga de Jorge Guaranho. "Teme a família que a localização do réu em município de fronteira, em casa, possa facilitar a sua evasão. A manutenção da prisão domiciliar de réu que cometeu crime hediondo, por intolerância política, com a violação a diretos humanos e à democracia, afronta o direito da vítima e a Justiça".

 

Relembre o caso


No dia 9 de julho, Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge Guaranho aos gritos de “aqui é Bolsonaro”. O agente penal bolsonarista teria sido avisado que uma festa de aniversário com temática petista estava sendo realizada na região e para lá se dirigiu a fim de cobrar satisfações dos organizadores.

Ao chegar no local, trocou algumas ofensas com os presentes e prometeu voltar armado. Arruda, o aniversariante, levou a ameaça a sério e também se armou. Cerca de 15 minutos se passaram e Guaranho voltou ao local, disparando contra Arruda, que acabou assassinado. No entanto, antes de morrer, a vítima conseguiu revidar e feriu o autor do crime com quatro tiros, impedindo uma tragédia maior.

O agente penal sobreviveu e recebeu alta hospitalar nesta quarta-feira (10). Guaranho teve a prisão preventiva decretada e foi devidamente intimado pela Justiça a respeito da denúncia acatada pela 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, que o tornou réu por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil. Com a nova decisão judicial, no entanto, o assassino foi para casa.