A participação do Palácio do Planalto no escândalo envolvendo o Ministério da Educação (MEC), na gestão do pastor Milton Ribeiro, envolvendo a distribuição de recursos do setor, está cada vez mais evidente.
Um e-mail endereçado à pasta, no dia 7 de janeiro de 2021, partiu do gabinete do então ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, homem de confiança de Jair Bolsonaro (PL). A mensagem solicitou, oficialmente, audiência em nome de Arilton Moura.
O pastor, ligado a Bolsonaro, é um dos investigados por corrupção no esquema que envolve o MEC. A presidência ainda cobrou retorno do ministério sobre as “providências adotadas” sobre o caso.
“De ordem, derivamos a solicitação de audiência abaixo para o Ministério da Educação avaliar a pertinência em atender. Solicitamos retorno das providências adotadas por esse Ministério”, diz o e-mail, obtido pela Folha de S.Paulo.
Segundo outras mensagens obtidas pela Folha, Nely Carneiro da Veiga Jardim, assessora dos pastores, pediu, via e-mail para a Casa Civil, às 9h47 do dia 7 de janeiro de 2021, “uma audiência com Gen.Braga Netto”.
A assessora encaminhou outra mensagem às 15h13 do mesmo dia, dizendo que Arilton já havia reservado voo.
O gabinete da Casa Civil enviou mensagem ao MEC às 17h40, pedindo para a pasta avaliar a possibilidade de receber o pastor. O título da mensagem é: “DERIVAÇÃO: Pastor Arilton Moura, Assessor do Presidente das Igrejas Evangélicas Cristo para Todos”, cujo presidente é o pastor Gilmar Santos, também investigado por corrupção.
A mensagem saiu do endereço “agendacasacivil@presidencia.gov.br", sob assinatura da Coordenação de Agenda/ Gabinete do Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República". O e-mail foi encaminhado para "gabinetedoministro@mec.gov.br".
Pastores foram recebidos 127 vezes no Ministério da Educação
Após essa data, Arilton retornou ao MEC mais quatro vezes em janeiro. Os pastores foram 127 vezes ao MEC e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de acordo com reportagem de Constança Rezende, Paulo Saldaña e Renato Machado, na Folha.
Porém, a frequência dos dois pastores à Presidência teve início nos primeiros meses do mandato de Bolsonaro. Existem registros de 45 entradas no Palácio do Planalto, sendo que a primeira visita ocorreu em 16 de janeiro de 2019.