Com um discurso dúbio e aparentemente apaziguador, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, colocou em xeque mais uma vez, na tarde desta quarta-feira (6), durante uma audiência pública realizada pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, a lisura e a confiabilidade das urnas eletrônicas, aderindo de forma clara à ladainha golpista e trapaceira do presidente Jair Bolsonaro.
“Sabemos muito bem que esse sistema eletrônico necessita sempre de aperfeiçoamento. Não há programa imune a ataque, imune a ser invadido. Tem os bancos que gastam milhões com segurança e eu tive meu cartão clonado há três semanas. A minha esposa, no ano passado. Isso é fato. As propostas das Forças Armadas foram realizadas de setembro até agora, com muita tranquilidade, transparência”, disse o oficial que chefia a pasta militar do governo federal, utilizando-se de analogias sem sentido.
Nogueira disse que a intenção dos “técnicos” militares é a de “colaborar e tentar aperfeiçoar o processo de acordo com as demandas com o que se conseguiria com o TSE”. O sistema eletrônico foi implantado no Brasil há 26 anos e jamais as Forças Armadas fizeram quaisquer questionamentos, ou até mesmo solicitaram algum aperfeiçoamento, deixando para fazê-los apenas depois dos acessos golpistas e autoritários do atual presidente, alinhado até a medula à caserna.
Mesmo jogando o consagrado e ilibado sistema eleitoral eletrônico no limbo da desconfiança, o ministro seguiu com as desculpas de que a atuação dos fardados seria apenas para garantir um pleito “confiável e seguro”.
“Não estamos duvidando ou achando isso ou aquilo outro, mas simplesmente com espírito colaborativo. Esse é o sentido do espírito das Forças Armadas para ajudar o TSE. Isso eu disse em reuniões presenciais com o presidente e vice-presidente, ministros Fachin e Alexandre de Moraes. Estamos sempre prontos, permanecemos colaborativos para a melhoria do processo”, desconversou Nogueira, depois de colocar em dúvida as urnas.