Depois das declarações de Jair Bolsonaro (PL), que voltou a dizer que as urnas eletrônicas não são eficazes, além de fazer outras críticas ao sistema eleitoral brasileiro, o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, se limitou a postar, nesta quinta-feira (21), um vídeo antigo em seu canal do YouTube.
Na gravação, feita no dia 11 de julho, durante entrevista a jornalistas de veículos internacionais, ele defendeu o sistema eleitoral. Porém, não mencionou o encontro de Bolsonaro com embaixadores. Aras vinha sendo cobrado por não se manifestar sobre a reunião de Bolsonaro com diplomatas de outros países, na segunda-feira (18), na qual o presidente reiterou acusações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas.
No início do vídeo, o PGR exibiu um texto no qual disse que “diante dos últimos acontecimentos do país [...] recorda a necessidade de distanciamento, independência e harmonia entre os poderes. As instituições existem para intermediar e conciliar os sagrados interesses do povo, reduzindo a complexidade das relações entre governantes e governados”.
Em seguida, o vídeo mostrou um trecho da entrevista: “Nós aqui não aceitamos a alegação de fraude, porque nós temos visto o sucesso da urna eletrônica, ao longo dos anos, especialmente, no que toca à lisura dos pleitos”.
Em outro recorte, ele falou que não crê em um 6 de janeiro no Brasil, em alusão ao que ocorreu nos Estados Unidos, onde eleitores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio para tentar reverter a derrota nas eleições.
“Nós não acreditamos no 6 de janeiro [no Brasil]. E eu tenho defendido que, quem ganhar a eleição vai levar, vai tomar posse", disse Aras.
PGR diz que "a democracia passa por uma tensão permanente"
“Nós compreendemos, e temos dito isso sempre, que a democracia é o governo dos contrários, que a democracia passa por uma tensão permanente, mas uma democracia se revela mais pujante, mais forte, na medida em que ela consegue resistir, com as suas instituições, a essa pressão contínua”, acrescentou o PGR.
Como PGR, Aras acumula a função de procurador-geral Eleitoral, responsável por levar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) processos relacionados às eleições presidenciais.