Dois outdoors com críticas à situação atual do Brasil foram removidos na rodoviária de Sorocaba (SP) esta semana a pedido da administração. Sem mencionar diretamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), os cartazes traziam mensagens como "O Brasil Piorou" e "A Fome Voltou". Os responsáveis pela instalação denunciam que eles foram retirados antes do período contratado.
Os outdoors deveriam permanecer no local por duas semanas, mas não duraram nem dois dias. A administração da rodoviária alegou que os painéis estavam causando tumultos e poderiam ser depredados.
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O Grupo Fora Bolsonaro SP, responsável pela instalação das mensagens, lamentou o episódio. Segundo eles, não há implicações legais porque o contrato já previa a possibilidade de remoção sem multa, justamente por se tratar de conteúdo político.
“Esse incidente comprova que, infelizmente, há uma parcela da população que se recusa a discutir e apela para a violência, ignorando os dados que comprovam as afirmações dos painéis”, disse Erick Santos, um dos porta-vozes do movimento.
“Nosso objetivo com os outdoors é estimular o debate sobre o atual governo. A estética dos outdoors, com a presença do verde e amarelo, busca dialogar justamente com o eleitor que foi enganado em 2018, e agora percebe que a situação piorou também para ele," completou.
Painéis semelhantes foram fixados na Rodovia dos Imigrantes, na altura de Diadema (SP), na Rodovia dos Bandeirantes, próxima a Jundiaí (SP), e no Guarujá (SP). Os locais foram escolhidos de acordo com o volume de votos em Bolsonaro nas últimas eleições ou consideram a quantidade de pessoas expostas às mensagens.
Sorocaba (SP) ajudou a eleger o atual presidente com 257 mil votos (73%) no segundo turno. Já no Guarujá foram quase 88 mil votos (55%).
“Muitos eleitores foram enganados pelas falsas promessas de Bolsonaro, que aproveitou de um desejo genuíno de mudança da população. Esperavam um governo sem corrupção e uma vida melhor. Mas o que receberam foi exatamente o contrário: o pior governo da história, milhares de escândalos e a volta da inflação e da fome”, disse Marco Martins, outro porta-voz do movimento.
Martins destaca que a quantidade de pessoas com fome no país aumentou 74% no período de dezembro de 2020 e abril de 2022, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) e lembra também o aumento no preço dos combustíveis.
Outros pontos destacados pelo grupo são os cortes no Ministério da Educação, que sofreu uma redução orçamentária de mais de R$ 3 bilhões em 2021, e o crescimento do desmatamento da Amazônia.