ITÁLIA

Itália: Primeiro-ministro pede renúncia e presidente nega

Após perder o apoio do Movimento Cinco Estrelas, Draghi anunciou renúncia, que não foi aceita

O premiê Mario Draghi e o presidente Sergio Matarella.Créditos: Presidência da Itália
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O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, apresentou pedido de renúncia ao posto nesta quinta-feira (14) após o Movimento Cinco Estrelas (M5E), que possui a maior bancada do Parlamento italiano, retirar o apoio a ele. A renúncia, no entanto, não foi aceita pelo presidente Sergio Mattarella, que pede que o problema seja resolvido no Parlamento. A Itália está a duas semanas das eleições legislativas.

A renúncia de Draghi foi anunciada após o M5E não comparecer à votação da moção de confiança de Draghi e romper com o pacto de fez o premiê chegar ao posto. O premiê conquistou o voto de confiança no Senado por ampla maioria, 172 a 39, mas o boicote do M5E fragilizou o primeiro-ministro, que é ex-presidente do Banco Central. A moção foi apresentada para garantir a implementação de um pacote anti-inflação. 

"Gostaria de anunciar que entregarei nesta noite minha renúncia nas mãos do presidente da República. A votação de hoje no Parlamento é um fato muito significativo do ponto de vista político. A maioria de união nacional que apoiou este governo desde sua criação não existe mais. Terminou o pacto de confiança que estava na base da ação do governo", disse Draghi durante uma reunião do Conselho de Ministros.

Desgastado, o M5E decidiu fazer um movimento de afastamento do governo Draghi, alegando que o pacto não mais o representa e que não tem espaço para participar das decisões. O principal ponto de tensão do partido com o governo é um decreto-lei de Draghi que permitiu a construção de uma usina de biogás em Roma.

"A situação das famílias e das empresas se agravou. A inflação atingiu os altos níveis da década de 1980 e o problema que aflige muitos cidadãos não é mais como chegar ao final do mês, mas como fazê-lo pelo menos no meio do mês. Há cidadãos e empresas que são chamados a fazer escolhas dramáticas todos os dias: pagar impostos ou pagar contas, pagar aluguel ou pagar fornecedores. É por isso que, num contexto tão difícil para os nossos cidadãos, já não nos apetece abdicar de expressar e afirmar as nossas posições, em nome de uma 'responsabilidade' genérica, que na verdade corre o risco de coincidir com uma atitude submissa. e cegamente confiantes em processos de tomada de decisão que, infelizmente, só tomamos conhecimento de última hora", diz carta enviada por Giuseppe Conte, ex-premiê e líder do M5E, a Draghi no dia 6 de julho.

Draghi tomou posse no cargo em fevereiro de 2021 em um acordo que envolveu todas as forças políticas, com exceção do partido de extrema-direita .

Com a negativa do presidente Sergio Mattarella em aceitar a renúncia, o premiê terá que consultar o Parlamento para definir o que acontecerá.

Com informações da Agência Ansa