Respondendo a processo que pode definir seu afastamento da Câmara Municipal de Cuiabá (MT) nesta quinta-feira (14) pelo assassinato do policial penal Alexandre Miyagawa no último dia 4, o vereador Marcos Paccola - que se identifica pela alcunha de Tenente Coronel Paccola - ecoa o discurso de ódio de Jair Bolsonaro (PL) e já foi alvo de processo de cassação por ameaçar 500 militantes do PT em discurso no plenário da casa legislativa em abril.
"Só lembrar que o presidente Bolsonaro autorizou para cada arma de quem é CAC 5 mil munições por arma. Então pensem bem antes de tomar essas atitudes, ao invés de 50 [militantes] coloquem 500, porque 50 vai ser muito pouco se vocês tentarem mexer com nossos filhos, nossas famílias. Dessa forma vocês não vão mudar o país, dessa forma vocês vão fazer uma guerra civil. Não venham para cima porque estamos prontos", disse à época, ecoando outros bolsonaristas sobre declaração de Lula, que sugeriu pressão da população sobre parlamentares em um eventual governo em 2023 - veja o vídeo abaixo.
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"Esse mesmo vereador tem feito muito discurso e ódio. É um bolsonarista raiz, que defende armamento, a guerra. Eu já havia entrado com pedido de cassação por discurso de ódio contra militantes do PT", diz Edna Sampaio (PT), que entrou com segundo pedido de cassação e com ofício para afastamento imediato do bolsonarista por causa do assassinato cometido no dia 4.
O assassinato
Paccola assassinou o policial penal Alexandre Miyagawa, que atuava como agente sócio-educativo, com três tiros pelas costas em frente a uma loja de conveniência no bairro Duque de Caxias, na capital mato-grossense no dia 4 de julho.
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O crime aconteceu após Miyagawa entrar com o carro pela contramão. Namorada do agente, Janaina Sá discute com pessoas na rua. Imagens gravadas mostram que o policial desceu do carro para tentar acalmar a namorada.
Quando os dois estavam no meio da rua, Paccola chega com o carro e trava a saída da via. Ele, então, saca a arma e ativa três vezes nas costas do agente, que cai na rua em frente à namorada.
O vereador, que mandou assessores recolher a arma que estava na posse do policial penal, alega que agiu em legítima defesa, embora as imagens mostrem que Miyagawa estava com as mãos abaixadas e de costas para o parlamentar, além de propagar que teria evitado um feminicídio.
Janaína nega a versão do vereador e afirma que, em momento algum, o namorado tirou a arma do coldre.
Grupo de extermínio
Autora dos requerimentos de cassação e afastamento imediato por quebra de decoro, Edna Sampaio diz que o bolsonarista tem usado o plenário da Câmara para se defender do crime.
"Na Câmara ninguém se pronuncia contra pois todos os vereadores têm muito medo dele, que é réu em processo por fazer parte de um grupo de extermínio", afirma a vereadora.
Paccola é investigado no processo derivado da Operação Coverage, que investiga um esquema de adulteração de armas de fogo pelo grupo de extermínio do qual é acusado de fazer parte.
O julgamento do caso aconteceria em abril, mas foi adiado para novembro, após as eleições. Paccola é pré-candidato a deputado estadual.
Veja vídeos da ameaça de Paccola a petistas e do assassinato cometido pelo vereador bolsonarista