OI, SUMIDA!

Por que Michelle Bolsonaro falta a compromissos de campanha e tem “sumido”

Fontes palacianas já não escondem que primeira-dama não quer se envolver na corrida eleitoral do marido. Entenda quais seriam as razões para isso

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Jair Bolsonaro foi a um encontro com cinco mil mulheres evangélicas em Imperatriz, no Pará, e foi ovacionado pela fatia da população que mais dá sustentação em sua campanha eleitoral. Falou empolgado ao lado de pastores, recebeu aplausos e gritos de “mito”, mas uma ausência era notada por todos: a da primeira-dama Michelle.

Não é de agora que a imprensa que cobre o mundo político vem notando que a esposa do presidente parece evitar os compromissos eleitorais do chefe do Executivo federal, que tenta mais um mandato de quatro anos à frente do Palácio do Planalto. Em outras oportunidades, sobretudo em eventos que envolvem mulheres, e que sua presença seria indispensável, Michelle também não apareceu, assim como se negou peremptoriamente a gravar para as inserções de TV do partido do marido, o PL, que foram ao ar em junho.

Bolsonaro tem uma rejeição imensa entre as mulheres. O último Datafolha, no fim do mês passado, mostrou que 61% das brasileiras não votariam de forma alguma nele, e elas formam 53% do total de eleitores no país. Se alguma adesão a mais do voto feminino, sua já combalida campanha será sepultada de vez e é por isso que Michelle é fundamental. Mas afinal, mesmo sendo mais do que indispensável neste momento, por que a primeira-dama resolveu “abandonar” o barco eleitoral do líder de extrema-direita.

Fontes palacianas que sempre falam sob anonimato absoluto têm listado três fatores para que a esposa do presidente tenha se retirado de cena num momento tão crucial. A primeira delas tem algum peso, mas não é a mais importante. Michelle passou a ser muito questionada, e até bastante ridicularizada, pelas intervenções religiosas públicas que protagonizou num passado recente. Pular “falando em línguas” na aprovação pelo Senado do nome do agora ministro do STF André Mendonça foi um dos casos, assim como a oração ajoelhada e aos berros numa comissão da Câmara dos Deputados, pouco tempo depois.

Um outro revés também deixou Michelle em maus lençóis: a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que é pastor e foi defendido pela primeira-dama desde sua nomeação, que inclusive teria sido pressão dela. Ribeiro está enrolado até o pescoço no caso de corrupção ocorrido no MEC e que segue em apuração pela Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF).

A defesa que Michelle fez do pastor-ministro, mesmo após sua demissão do cargo por fortes indícios de compor um grupo de pastores que pediam propina de dentro da Esplanada dos Ministérios, foi muito enfática e terminou por envolver diretamente o núcleo palaciano na encrenca protagonizada por Ribeiro.

Por fim, o que mais tem pesado para que a mulher de Jair Bolsonaro desaparecesse dos compromissos públicos eleitorais do esposo, de acordo com funcionários próximos da primeira-dama, é o excesso de proximidade do presidente com duas ex-esposas, Rogéria (Nantes) Bolsonaro, mãe de seus três filhos mais velhos, que entrou para política e deve ser o nome como suplente do senador Romário (PL-RJ), e Ana Cristina (Valle) Bolsonaro (Podemos-DF), que se lançará possivelmente a uma cadeira como deputada distrital no DF.

Michelle, seja por razões óbvias ou por motivos não esclarecidos, não estaria gostando nada desse excesso de aproximação, que ocorreria com a anuência do marido.