O isolamento do PCO no campo democrático depois da inclusão do partido no inquérito das fake news do STF na última quinta-feira (2) é quase completo. É o que se constata pela maneira como o tema está mobilizando o Twitter, a rede por excelência do debate político. Grandes influenciadores de esquerda e centro-esquerda praticamente não se manifestaram no Twitter em solidariedade ao grupo de Rui Pimenta. 61% dos 34.284 tuítes analisados pelo DataFórum sobre o caso foram de bolsonaristas, que usaram o episódio para reafirmar seus ataques ao ministro Alexandre de Moraes, como o PCO vinha fazendo nos últimos dias. Ou seja: os bolsonaristas aproveitaram o episódio para “tirar uma lasquinha” do PCO em seu proveito.
Apenas 17% das manifestações na rede foram de apoio efetivo ao PCO. Mesmo neste segmento minoritário o isolamento da agremiação dos Pimenta é quase completo: o que predominou foi a mobilização de Rui Pimenta e ativistas do próprio PCO, com destaque para os filhos do presidente do partido. Houve pessoas de esquerda que se manifestaram, mas a liderança mais expressiva foi somente o jornalista Breno Altman. Parte do apoio ao PCO partiu do movimento duginista de extrema direita, a Nova Resistência, e de perfis de liberais radicais (ancaps), também de extrema direita.
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Carlos Bolsonaro foi o maior influenciador do bolsonarismo a comentar o tema (6% de presença no debate), que teve como outro destaque o cantor reacionário Roger, que fez coro a Carlos para afirmar que Alexandre de Moraes deveria investir contra o PT.
Os perfis bolsonaristas que mais atuaram no assunto e cujos posts obtiveram maior repercussão em apoio ao PCO ou em investidas contra o STF foram, além de Carlos Bolsonaro e Roger, a advogada e influencer de extrema direita Cláudia Wild; o deputado federal Filipe Barros (PL-PR), um dos líderes da ala mais radical do bolsonarismo; André Porciúncula, ex-braço direito de Mário Frias na Secretaria Nacional de Cultura; Bárbara Destefani do perfil Te Atualizei (táoquei1), outra influencer de extrema direita, assim como a advogada Flavia Ferronato (flferronato); Otávio Fakhoury, empresário, milionário, acusado pela CPI da Covid de financiar uma rede de fake news durante a pandemia (opropriofaka); e, finalmente, o influenciador da extrema direita católica Bernardo Kuster, condenado por fake news contra Leonardo Boff, alvo também da CPI da Covid e do STF (bernardokuster2).
Veja a seguir no quadro do DataFórum os perfis de extrema direita, mais retuitados. Além deles, apenas os perfis do PCO e de Rui Pimenta estão entre os mais retuitados:
Outros bolsonaristas que atuaram no Twitter no caso: o ex-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, a deputada Bia Kicis, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, o influenciador bolsonarista Oswaldo Eustáquio, preso três vezes pelo STF.
Um pequeno grupo de perfis progressistas (4%) compartilhou a notícia do bloqueio das contas do PCO nas redes sociais, porém sem prestar solidariedade.
Veja a seguir o grafo, que indica o peso e as relações entre os perfis no tema do PCO-STF. A grande mancha azul (61%) é a dos perfis bolsonaristas. Depois, em marrom (17%), o apoio ao PCO, composto quase exclusivamente pelo perfil do próprio partido e de Pimenta -nesta mancha estão as manifestações de ativistas do PCO e em menor escala dos duginistas. Em verde, como um polo expressivo, o perfil de Carlos Bolsonaro (6%). Por fim, em lilás, no alto, à direita, de maneira quase imperceptível, os perfis identificados como progressistas (4%), sem qualquer protagonista de relevo.
As linhas retas do grafo indicam as interações entre os perfis. Toda vez que uma linha reta de uma cor (marrom, por exemplo), avança sobre a nuvem de outra cor, é uma relação estabelecida. O grafo indica claramente a interação entre os perfis do PCO-Pimenta e o universo do bolsonarismo.
Veja:
Veja agora a nuvem de palavras do cluster dos bolsonaristas:
Um dos tuítes do deputado de extrema direita Filipe Barros (PL-PR):
Um dos tuítes de maior repercussão do PCO:
Tuítes de perfis de esquerda com crítica ao PCO:
Tuíte da duginista Nova Resistência, e de um dos líders do grupo, Felipe Quintas:
O levantamento do DataFórum analisou 34.284 tuítes disparados entre meia noite e 19h30 da sexta-feira (3), o período de maior atividade sobre o tema na rede. O estudo considera dados coletados a partir do termo de busca "PCO" recolhidos junto à API do Twitter no período determinado. Os dados são submetidos a algoritmos de clusterização e ranqueamento, tendo como base as relações de retweets entre os usuários. São formadas comunidades e atribuídos graus de relevância aos atores de rede, obedecendo aos critérios algorítmicos a que os dados foram submetidos.