PROPINA EM OURO

PGR mira Bolsonaro em esquema de corrupção no MEC; Flávio tenta barrar CPI

Filho de Jair Bolsonaro, senador mira achaques em Eduardo Braga (MDB-AM) e Alexandre Giordano (MDB-SP), que receberam recursos do orçamento secreto. Pedido de CPI conta com 28 das 27 assinaturas necessárias.

Flávio e Jair Bolsonaro.Créditos: Reprodução
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As ligações para o ex-ministro, Milton Ribeiro, alertando para uma ação de busca e apreensão e as denúncias de interferência na operação que o levou à prisão são motivos suficientes para que Jair Bolsonaro (PL) entre no rol de investigados sobre o esquema de corrupção implantando com pastores no Ministério da Educação, segundo integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do Ministério Público Federal (MPF) ouvidos sob anonimato pelo portal Uol.

Por outro lado, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) inicia nesta terça-feira (26) pressão sobre a base governista no Senado para tentar barrar a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a corrupção no MEC. O pedido para a CPI deve ser protocolado por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na abertura dos trabalhos da casa.

Os achaques de Flávio serão feitos usando como argumento a proximidade das eleições. Além das represálias do Planalto, o filho de Jair Bolsonaro quer convencer os senadores de que a comissão será transformada em palanque político.

Dois senadores estão na mira de Flávio: Eduardo Braga (MDB-AM) e Alexandre Giordano (MDB-SP), um dos últimos a asssinar o pedido, que tem 28 adesões das 27 necessárias. Caso os dois retirem suas assinaturas, o trabalho de Randolfe Rodrigues volta uma casa, na busca de novos apoios.

Tanto Braga como Giordano já receberam recursos do orçamento secreto. Na conversa com os senadores, Flávio vai sinalizar que pode fechar as torneiras do orçamento para ambos, o que implicaria na visibilidade nos redutos eleitorais, com influência direta nas eleições - embora os dois ainda tenham mais quatro anos de mandato no Senado.

Salário baixo

Novas revelações sobre a atuação dos pastores no esquema de corrupção no MEC mostram que Arilton Moura, um dos dois religiosos investigados, recusou um cargo oficial no Ministério por considerar baixa a remuneração de R$ 6 mil mensais.

Em depoimentos, o ex-assessor Albério Rodrigues disse que um dos momentos de maior risco para a imagem do MEC foi quando Ribeiro tentou dar um cargo de nível DAS-3 a Arilton Moura na pasta.

Segundo ele, após o pastor recusar por causa do salário, Ribeiro o indicou para gerente de projeto na Secretaria-Executiva do MEC, com salário de R$ 10 mil, mas a nomeação foi barrada pela Casa Civil.

No lugar dele, assumiu o posto Luciano Musse, indicado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente nacional do PP. Advogado, Musse também é alvo da investigação.

“A infiltração de Luciano nos quadros de servidores da pasta demonstra a sofisticação da atuação agressiva da ORCRIM [organização criminosa], que indica desprezo à probidade administrativa e fé pública. Helder teve sua conta utilizada para receber propina e também viajou com a comitiva dos pastores. Convém destacar que Helder é genro de Arilton”, diz o parecer do Ministério Público Federal, assinado pela procuradora da República Carolina Martins Miranda de Oliveira, que se refere a Helder Bartolomeu, ex-assessor na prefeitura de Goiânia e genro de Arilton.