Prestes a ser submetido a novos exames sobre sua sanidade mental, para decidir se continuará no cárcere ou será libertado, Adélio Bispo dos Santos acredita que Jair Bolsonaro (PL), em quem desferiu uma facada durante a campanha eleitoral de 2018, é o "anticristo" e revela um estado psicótico grave, que tudo indica trata-se de esquizofrenia paranoide.
Trechos de cartas escritas por Adélio na prisão, revelados em reportagem na revista Veja, revelam que o autor da facada continua obcecado por Bolsonaro.
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"Bolsonaro é o anticristo o [incompreensível] antecessor, a besta que era e não é, vem e não vem de linhagens real, são plebeus e são antissemitas e armam ciladas e arapucas para pegar Israel, amizades de [incompreensível] hipocrisia. O anticristo é brasileiro poderes [incompreensível] corpos de homens e elementos da Terra. No mais o filho do sétimo é um dos anticristos malvados pela maçonaria [incompreensível] a forças terríveis nele e os maçons têm isto como algo de grande experiência o mal", diz trecho de uma das 23 cartas escritas no segundo semestre de 2021, que mostra os delírios de Adélio.
Em outra carta, Adélio relaciona a maçonaria ao Santo Daime, doutrina espiritualista surgida na região amazônica que utliza em seus ritos a Ayahuasca, uma substância psicoativa formada pela deccoção do cipó Banisteriopsis caapi, conhecido como Jagube, e pela folha Psychotria viridis, por sua vez chamada de Rainha.
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"A maçonaria do Santo Daime. Tomar água morna, é obvio que isto revigora fazendo estas pessoas revigorar seus corpos acreditando neste poder absoluto, vive bem e de bom humor até que alguém cite a frase absoluta ou frases que [incompreensível] que ele acreditam ser algo tão especial e maçonaria, é enganado de cabo a rabo, acaba com pessoas e engana religiões, tal como todo o elenco das séries de filmes O Exterminador do Futuro 3 e 4, A Rebelião das Máquinas, a Salvação, como se pudesse dar paz ao mundo", escreve.
Para o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que vem sendo perseguido por Bolsonaro e virou alvo de inquérito na Polícia Federal por advogar pelo autor da facada, Adélio deve "ficar onde está": isolado na cela 14 da Ala Delta da penitenciária federal de Campo Grande, onde chegou em 8 de setembro de 2018 e aguarda a transferência para uma instituição psiquiátrica em Minas Gerais.
Ouvido pela reportagem, o psiquiatra forense Guido Palomba diz que os textos mostram um quadro grave de doença mental.
“Diante da clareza clínica, não se põe a menor dúvida de que o autor dos escritos está em franca ruptura com a realidade. Romper com a realidade significa, obrigatoriamente, do ponto de vista psiquiátrico-forense, doença mental, no caso, estado psicótico grave, cujas características indicam, com segurança, tratar-se de esquizofrenia paranoide”.
No entanto, bolsonaristas ainda acreditam em teorias da conspiração alimentadas pelo clã presidencial.
“Acho que há conspiração de alguns membros que participaram da investigação com interesse de dar guarida a esse assassino”, diz o deputado Junio Amaral (PL-MG) que recentemente teve que se retratar após divulgar fake news dizendo que Adélio teria confessado que a facada teria sido encomendada pela campanha de Fernando Haddad (PT) em 2018.