O jornalista Rodrigo Rangel, do portal Metrópoles, descobriu que o ministro bolsonarista Kassio Nunes Marques do Supremo Tribunal Federal fez uma viagem dos sonhos, bancada por um advogado que tem processos na corte. Um bate-e-volta de Brasília a Paris, de jatinho, no fim de maio para -delícia das delícias- para assistir à final da Champions League, jogos do torneio de tênis de Roland Garros e o GP de Mônaco de Fórmula 1, disputado naquele mesmo fim de semana. O custo da farra é superior a R$ 250 mil.
O jatinho Citation X, de prefixo PR-XXI, tem como sócio o advogado Vinícius Peixoto Gonçalves, dono de um escritório no Rio de Janeiro. Segundo Rangel, o advogado atua em processos em curso no STF e já foi denunciado pelo Ministério Público Federal como operador financeiro do ex-ministro das Minas e Energia Edison Lobão. O nome dele apareceu nas investigações sobre pagamentos de propina relacionados às obras da usina nuclear de Angra 3.
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Um jatinho como o usado por Nunes e pelo menos um de seus filhos na viagem não custa menos que R $23 milhões na fábrica. O ministro embarcou no setor de aviação executiva do aeroporto de Brasília no fim da tarde de 26 de maio, uma quinta-feira, e chegou de volta à cidade-sede do STF no início da madrugada da terça seguinte.
Procurado pelo jornalista, o ministro bolsonarista enviou uma nota no início da madrugada deste sábado (18) pela coluna, na qual diz que a reportagem publicada horas antes tem “informações falsas”. Mas, sintomaticamente, não desmentiu o voo nem esclareceu por que embarcou em um avião pertencente a um advogado que tem causas no STF.
Um trecho da nota de Kassio Numes é particularmente patético e constrangedor para todo o STF: “Vinícius Gonçalves, citado pela reportagem, não pagou qualquer despesa do ministro. O advogado também nunca pôs avião à disposição do ministro. Nunca tiveram contato anterior à viagem, nem pessoal, nem telefônico”. Ou seja, Kassio Nunes conheceu o advogado na hora de embarcar no jatinho. A nota não esclarece como o ministro bolsonarista, que teria conhecido o advogado encrencado no aeroporto, conseguiu a façanha de convencer Gonçalves a levá-lo a Paris e esperar para conduzi-lo de volta. A nota não esclarece ainda se o ministro voltou a seu apartamento em Brasília para fazer a mala ou se comprou roupas novas em Paris. A história é tão enrolada quanto as sentenças do ministro bolsonarista.