Na noite desta terça-feira (31) o Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA/ PUC-SP) foi palco do lançamento do livro "Querido, Lula - cartas do povo brasileiro" (Boitempo), que reúne cartas que o ex-presidente Lula recebeu durante o período em que esteve preso.
Antes do evento em si, o ex-presidente Lula causou alvoroço entre os estudantes da PUC-SP ao sair do "prédio velho" da universidade, onde teve um encontro com a reitora da Pontifícia, Maria Amália, e se deparar com uma multidão ansiosa por uma foto. Com forte esquema de segurança, o pré-candidato do PT à presidência cumprimentou algumas crianças e mergulhou no meio da multidão.
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Como o TUCA estava completamente lotado, um telão foi montado na faixada do teatro, que possui um jardim com amplo espaço, para que as pessoas pudessem acompanhar a leitura das cartas que foi realizada por Erika Hilton, Zélia Duncan, Camila Pitanga, Fernando Haddad e outras personalidades.
Porém, o que era para ser pura emoção com as leituras dramáticas, quase terminou em confusão e pancadaria, pois, um grupo de apoiadores do presidente Bolsonaro apareceu no evento e começou a provocar as pessoas que estavam no local.
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Modus operandi conhecido
Uma das estratégias utilizadas era semelhante à de Arthur do Val, o Mamãe Falei, que se fingia de jornalista para depois debochar dos entrevistados com vídeos editados. Um dos rapazes do grupo se fazia de entrevistador e, a partir daí começou a interpelar os presentes com perguntas do tipo "você considera Lula inocente?", "você é favor do socialismo" e outras questões risíveis.
Em determinado momento, o grupo começou a hostilizar um grupo de mulheres que estavam presentes, uma discussão teve início, mas logo foi apartada por outros presentes. Posteriormente, o grupo "enquadrou" alguns homens idosos que carregavam bandeiras do Lula e do PT, novo momento de tensão que quase resultou em agressão física.
Além da tentativa de intimidação em campo, motoqueiros ficaram dando voltas no quarteirão, xingando e ameaçando os presentes aos gritos de "Bolsonaro, presidente". Ao longo de todo o evento, um grupo com cerca de 20 bolsonaristas ficaram parados na rua de frente para o TUCA e xingando as pessoas que acompanhavam o lançamento.
O objetivo do grupo era simples: provocar e conseguir gerar uma pancadaria generalizada. Porém, como a estratégia não é mais inédita, os participantes do evento passaram a ignorar as provocações e acompanhar a leitura das cartas ao presidente Lula. Também pediram aos mais exaltados para que não entrassem na provocação dos bolsonaristas. O pior não aconteceu, mas deixa o sinal de como será o clima da eleição 2022 e qual deve ser a estratégia dos grupos bolsonaristas ao longo do pleito deste ano.
Por fim, um breve perfil do grupo de bolsonaristas que tentaram tumultuar o evento: de acordo com alguns dos estudantes que estavam presentes, o grupo era composto por alunos da PUC. Cabe destacar: todos homens, jovens e brancos, ou seja, o perfil majoritário do eleitorado do atual presidente da República e que, segundo o Datafolha mais recente, é completamente distinto dos grupos votantes do ex-presidente Lula.