Além da dificuldade em compreender a diferença entre prova e convicção, como mostrou quando atuou como juiz à frente da Lava Jato, Sergio Moro (Podemos) revelou nesta quarta-feira (4) que a interpretação de texto também não é seu forte.
Ao comentar a entrevista de Lula (PT) à revista Time, que colocou o ex-presidente preso injustamente na capa como promessa de "salvar a nação", o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o petista "mal disfarça o seu desprezo por Zelensky e a sua preferência por Putin e por regimes autoritários".
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"Lula, na entrevista na Time, culpa Zelensky, Biden e a União Europeia pela guerra na Ucrânia. Mal disfarça o seu desprezo por Zelensky e a sua preferência por Putin e por regimes autoritários. Esta é a via democrática?", indaga Moro, repetindo o destaque dado pela mídia liberal à entrevista de Lula na revista estadunidense.
No entanto, Lula equiparou Volodymyr Zelensky ao presidente russo, Vladimir Putin, na culpa pelo desencadeamento da guerra na Ucrânia.
"E agora, às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado. O Saddam Hussein era tão culpado quanto o Bush. Porque o Saddam Hussein poderia ter dito: ‘Pode vir aqui visitar e eu vou provar que eu não tenho armas’. Ele ficou mentindo para o seu povo. Agora, esse presidente da Ucrânia poderia ter dito: ‘Olha, vamos deixar para discutir esse negócio da OTAN e esse negócio da Europa mais para frente. Vamos primeiro conversar um pouco mais", disse explicou o petista à Time.
A fala de Lula, no entanto, foi distorcida nas chamadas da mídia liberal, que defende a ação da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) na região, o que desencadeou o conflito.
Diante da insistência do jornalista da Time, que citou "100.000 soldados russos" na fronteira e chegou a dizer que Zelensky "não queria guerra, mas ela chegou", ignorando as tratativas feitas pelo governo Ucraniano para adesão à Otan.
"Ele quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]! Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para o Putin: ‘Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!’", disse Lula.