A cúpula do Exército resolveu esperar Alexandre de Moraes assumir o comando da Corte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), daqui a dois meses e meio, para tentar acertar as arestas entre os poderes.
O plano dos generais vai totalmente na contramão do clã bolsonarista, embora sejam acusados de agirem em favor de Jair Bolsonaro (PL). Os militares ainda depositam as esperanças pela normalização das relações com o TSE, justamente com a chegada de Alexandre de Moraes, ministro que é tido pelo presidente como seu principal inimigo a ser combatido no Poder Judiciário.
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No início deste mês, Moraes foi alvo de um pedido de investigação do presidente, rejeitado pelo STF e, depois protocolado na Procuradoria-Geral da República.
Na notícia-crime contra Moraes, Bolsonaro alegou suposto abuso de autoridade do ministro e diz que o chamado inquérito das fake news, no qual é investigado, não se justifica.
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Em sua estratégia do "fale menos e aja mais", recomendada tanto pela ala militar quanto pelos aliados do Centrão, Bolsonaro pretende até levar as ações contra Moraes a tribunais internacional.
E nesse sentido "a corda deve esticar ainda mais", já que Moraes é relator de investigações que miram Jair Bolsonaro e seus aliados no Supremo, como o inquérito das fake news e o das milícias digitais.
Contudo, especialmente para os militares, o relacionamento com o TSE é um elemento importante para o processo eleitoral deste ano em razão das ameaças de Jair Bolsonaro de não reconhecer o resultado das urnas em caso de derrota. Sem apoio do alto comando das Forças Armadas, o presidente dificilmente terá condições de aplicar um golpe para permanecer no poder.
Hoje os generais estão rompidos com o atual presidente do TSE Edson Frachin e Luís Roberto Barroso, seu antecessor.
A rusga teria começado após os dois ministros criticarem a atuação dos militares na comissão criada no TSE para atestar a transparência do processo eleitoral e a segurança das urnas eletrônicas.
Ao convidar representantes das Forças Armadas para a Comissão de Transparência das Eleições (CTE), Barroso tentou neutralizar a ofensiva de Bolsonaro, contra a segurança das urnas eletrônicas.
Porém dentro da própria comissão do TSE, os oficiais apresentaram "sugestões" e questionamentos sobre as urnas eletrônicas que, logo depois, passaram a ser usadas politicamente pelo presidente da República.
Barroso, por sua vez, havia afirmado durante um seminário da Universidade Hertie School, de Berlim, que as Forças Armadas "estão sendo orientadas para atacar o processo" eleitoral brasileiro e "tentar desacreditá-lo".
De acordo com o ministro, os "ataques" ao processo eleitoral são "totalmente infundados e fraudulentos".
"Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?", questionou Barroso.