ELEIÇÕES 2022

Ciro Gomes multiplica ataques a Lula e é usado por Bolsonaro

Em abril e maio foram 119 publicações críticas ao petista, de um total de 196 no mesmo tom desde o início do ano

Ciro GomesCréditos: Reprodução de Vídeo
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Enquanto luta para sair do patamar dos 2% nas intenções de votos, o pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, resolveu mirar no eleitorado de Lula (PT)  intensificando os ataques ao ex-presidente nas redes sociais. 

A estratégia tem um objetivo claro: correr contra o tempo para tornar-se viável em uma corrida eleitoral, por ora, dominada por dois adversários;  Lula (PT) na dianteira com 54% dos votos válidos e Jair Bolsonaro (PL) com 27%.

Um levantamento da consultoria Bites mostra que só em abril e maio, foram 119 publicações críticas ao petista, de um total de 196 no mesmo tom desde o início do ano — o volume neste mês, por exemplo, foi onze vezes maior que o de janeiro.

Mesmo aumentado os ataques ao ex-presidente Lula, o principal alvo do pedetista continua sendo Bolsonaro com 339 posts no Twitter, Instagram e Facebook  direcionados ao titular do Palácio do Planalto. 

Em abril foram 72 posts contra o presidente, e neste mês, com 98 publicações. Em um deles,  Ciro compartilhou áudio do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, e criticou o que chamou de “Bolsolão do MEC”, antes de associar Bolsonaro à corrupção e o chamar de o “grande chefão dos esquemas”.

Um dos pontos usados pelo marqueteiro da campanha, João Santana é transformar as falas agressivas em suposta indignação com a situação do país.  Em outra vertente, o uso das lives “Ciro Games”, buscam suavizar a imagem truculenta. 

A artilharia de Ciro Gomes contra Lula foi bastante evidenciada no último debate com o humorista Gregório Duvivier.

No último dia 20, Ciro Gomes compartilhou nas redes trecho do debate com Duvivier, em que afirma ser falacioso o discurso de que só Lula vence Bolsonaro, já que ele “ganha também” do atual presidente em eventual segundo turno. A publicação teve mais de 40,7 mil interações no Instagram. 

Na publicação do dia 30 de abril,  Ciro Gomes cita uma frase dita por Lula: “Bolsonaro não gosta de gente, gosta de policial”. A frase foi classificada por Ciro como “uma ação indesculpável de discriminação e desumanidade”.  A publicação logo foi usada por bolsonaristas, que replicaram o discurso nas redes. 

Parlamentares ligados ao clã bolsonarista chamam Ciro de “cabo eleitoral” de Bolsonaro. Na semana passada, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann tentou alertar o pré-candidato do PDT, que bolsonaristas estão usando o conteúdo publicado por ele para atacar Lula.

O diretor adjunto da consultoria responsável pelo levantamento, André Eler observa que boa parte do aumento dos ataques do Ciro contra Lula se deve à essa pressão, que também vem de dentro do PDT. 

O presidente do PDT, Carlos Lupi, pondera que ao turbinar as publicações contra Lula e Bolsonaro, Ciro reforça a intenção de se posicionar como uma “alternativa à polarização” entre os dois. 

Lupi afirma que setores do PT intensificaram a defesa de um “voto útil” que sairia de Ciro para ser depositado em Lula. No entanto, a presidenta do PT Gleisi afirmou que nunca conversou sobre esse assunto com Lupi, o que foi confirmado por ele. 

Na tentativa de chegar ao segundo turno, o pedetista continua apostando críticas contra adversários por meio das redes sociais.
Dentre todos os posts em que critica Lula, por exemplo, o volume de interações é, em média, de 5.258 por publicação, entre comentários, curtidas e compartilhamentos. Com Bolsonaro, essa média é de 5.327, conforme o levantamento da consultoria Bites. 

A média do volume de todos os posts do pré-candidato do PDT no ano é consideravelmente menor: 2.954 interações. Em paralelo, as menções ao ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) desapareceram depois que a candidatura presidencial dele subiu no telhado.

Em nota, Ciro disse que busca na pré-campanha “um embate de ideias e não contra pessoas” e que as publicações, majoritariamente, citam propostas, não os adversários. No universo dos posts que abordam os outros concorrentes ao Planalto, o pré-candidato do PDT ressalta que trata “mais de ações políticas e administrativas do que pessoais ou morais”.

 

Com informações de O Globo