Depois de dias sem se pronunciar sobre a tragédia das chuvas que já deixou 91 mortos em Pernambuco, o presidente Jair Bolsonaro resolveu sobrevoar por algumas horas a Região Metropolitana do Recife, bem ao estilo que mais aprecia, cercado de militares e numa aeronave da Aeronáutica.
Após a aparição nos céus, o presidente deu uma declaração rodeado por ministros e figuras que habitualmente o bajulam no Estado, e aproveitou ainda para fazer jogo político, atacando o governador Paulo Câmara (PSB) e dizendo “que é preciso arregar as mangas e trabalhar”, justamente no dia em que veio à tona que chefe do Executivo federal já tirou 15 miniférias em três anos e gastou R$ 38 milhões no cartão corporativo da Presidência.
Te podría interesar
Quando o pronunciamento descabido parecia ter acabado, Bolsonaro disse ainda, citando outras mortes causadas pelas chuvas em Petrópolis (RJ), no Sul da Bahia e no Norte de Minas Gerais, que “infelizmente, essas catástrofes acontecem”.
O desprezo com que o presidente da República fala de milhares de brasileiros mortos em situações evitáveis contrasta bastante com a maneira aguerrida com que defende seus aliados extremistas que cometem crimes. E esta não é primeira vez que o chefe de Estado dirige palavras tão frias e desumanas ao povo. Confira outras oito vezes em que Bolsonaro agiu com total desprezo e arrogância diante de fatos trágicos:
“Eu não sou coveiro” – Quando perguntado sobre as primeiras 2.584 mortes pela Covid-19.
“E daí, lamento. Quer que eu faça o que?” – A ser cobrado sobre o recorde de 5.050 mortos pela Covid-19.
“A gente lamenta todos os mortos, mas é o destino de todo mundo” – Disse como “palavra de conforto” a uma seguidora que pediu falasse sobre os 31.199 mortos pela Covid-19.
“País de maricas” – Gritou ao ser referir a um país apavorado com 162.829 mortes pela Covid-19.
“Chega de frescura e mimimi... Vão ficar chorando até quando?” – Indignado pelo luto do país diante de 260.970 mortes pela Covid-19.
“Covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas” – Falou a dois representantes da extrema-direita alemã que o visitavam, diante da marca de 584.421 mortos pela Covid-19.
“Lamento profundamente, mas é um número insignificante” – Esbravejou ao ser perguntado sobre as mortes de crianças pela Covid-19.
“Não há o que se dizer. Não há o que falar. O que tinha que ser feito pelo estado já foi feito, agora é aguardar a finalização” – Explicou a jornalistas ao ser questionado sobre a morte por tortura e asfixia de Givanildo de Jesus Santos, praticada por agentes da PRF.