Sergio Moro (União Brasil), que deve concorrer a algum cargo nas eleições deste ano, está seguindo os passos de seu ex-chefe, Jair Bolsonaro (PL), e bloqueando pessoas nas redes sociais - atualmente um dos principais canais de diálogo entre a população e os políticos.
Recentemente, o ex-juiz bloqueou a empresária Roberta Luchsinger, responsável pela ação no Ministério Público contra sua mudança de domicílio do Paraná para São Paulo registrada junto à Justiça Eleitoral, com o objetivo de concorrer no pleito deste ano.
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Moro sempre viveu no Paraná e não mantém qualquer vínculo com o estado de São Paulo, conforme é exigido pela legislação eleitoral. Para conseguir registrar a mudança, declarou estar residindo em um hotel na capital paulista, que seria o seu "hub".
A partir da representação de Roberta Luchsinger, a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo (PRE-SP) enviou ao Ministério Público Eleitoral (MPE) do estado uma notícia-crime contra Moro e sua esposa, a advogada Rosângela Wolf, que também mudou o domicílio eleitoral.
"O Moro tá magoadinho comigo. Que feio, o sujeito queria ser presidente da República e bloqueia uma cidadã politicamente ativa! Não faz sentido esses melindres do Sergio", escreveu Roberta Luchsinger nas redes sociais ao constatar que foi bloqueada.
"O que dizer do Moro? É um indigente intelectual que não tem capacidade de justificar sua mudança de domicílio eleitoral", prosseguiu a advogada.
10 dias para se explicar
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), na última sexta-feira (29), intimou o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) a, no prazo máximo de 10 dias, explicar sua mudança de domicílio eleitoral do Paraná para São Paulo. Moro, que queria ser candidato à presidência, foi vetado pelo seu partido, o União Brasil, e deve concorrer ao Senado ou à Câmara dos Deputados nas eleições deste ano.
O despacho do TRE, assinado pelo juiz eleitoral Dimitrios Zarvos Varellis, foi emitido nesta sexta-feira (29) no âmbito de uma ação apresentada pelo PT de São Paulo, por uma iniciativa do presidente do diretório municipal do partido na capital paulista, Laercio Ribeiro, e do deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP).
"Entramos com recurso contra a transferência de domicílio eleitoral do ex-juiz Sergio Moro para garantir a lisura do pleito deste ano. Todo mundo sabe que o ex-juiz não é de São Paulo e nunca estabeleceu qualquer relação com São Paulo”, afirma Ribeiro.
"Como estratégia, entramos com a ação no momento correto, no último minuto do prazo, e não é só com a ação, mas solicitando um conjunto de investigações que reforçam que São Paulo não é o domicílio do caixeiro viajante Moro", diz, por sua vez, Padilha.
Na ação, o PT chama atenção para o fato de que, apesar da transferência de domicílio eleitoral ter ocorrido dentro do prazo, Moro não mora em São Paulo, mas sim no Paraná. Tanto é que o ex-juiz apresenta o endereço do Hotel Intercontinental como o seu domicílio paulista.
A petição apresenta uma contradição: apesar de transferido o seu endereço eleitoral para São Paulo, as atividades profissionais de Moro ocorrem no Paraná. Dessa maneira, o ex-juiz não tem laços profissionais com o estado de São Paulo, o que é exigido pela lei eleitoral.
Além de apresentar documentos que provam que a vida profissional de Moro se dá no estado do Paraná, a ação também recorreu às redes sociais do ex-juiz para revelar que ele só possui relação de afeto com o estado natal e que não há menção alguma ao estado paulista. A única menção ao estado de São Paulo é uma foto do clássico sanduíche de mortadela no Mercado Municipal, o que configura turismo.