VOLTA DO EXÍLIO

Jean Wyllys: “Vou voltar em dezembro”

O ex-deputado do PSOL e hoje ativista do PT pretende estar na posse de Lula em 1 de janeiro de 2023

Créditos: Reprodução/Instagram
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Uma grande notícia para a democracia brasileira. Há mais de três anos fora do Brasil, num exílio forçado pela enxurrada de ameaças contra sua vida vindas da extrema direita, Jean Wyllys vai voltar. Ele, que atualmente mora em Barcelona, na Espanha, anunciou no Fórum Café desta terça (3) que planeja voltar ao país depois da vitória possível (e provável) de Luiz Inácio Lula da Silva, “no primeiro ou no segundo turno” e retornar depois de constatada a consolidação da posse do ex-presidente em seu terceiro mandato.

O ex-deputado, jornalista e agora filiado e ativista do PT, com foco no tema da desinformação e da democracia das maiorias e das identidades, está preocupado com a articulação da extrema direita no Brasil e globalmente. Ele explicou que, sem contemporizar com a crítica aos Estados Unidos e sua ação contra os povos, o fato é que “Putin tornou-se um articulador da extrema direita em escala global e isso é um tema crucial”. Ele havia falado sobre esse tema numa entrevista ao Fórum 11 e Meia no início de abril, quando traçou paralelo entre os oligarcas estadunidenses ligados ao partido Republicano e àqueles vinculados ao presidente russo Vladimir Putin e destacou que o presidente russo é a figura inspiradora dos grupos extremistas na contemporaneidade: “Putin é um sanguinário, autocrata que serviu de modelo para todos esses autocratas, para a extrema direita, que forjou um modelo de ataque às democracias por meio da desinformação, que está, digamos assim, por trás da ascensão de Donald Trump nos EUA e de toda essa extrema direita. Então, essa extrema direita está no mundo: Marine Le Pen na França, o VOX na Espanha, o Orbán na Hungria, tem a Polônia, ou seja, é um movimento internacional que a gente imaginava que ia perder força com a derrota de Donald Trump, mas não perdeu força”.  

Jean Wyllys tem falado mais longamente sobre sua trajetória em diversas entrevistas. Uma das mais marcantes delas foi concedida há um ano à agência independente Diadorim, engajada na promoção dos direitos da população LGBTI+. Nela, traçou um retrato forte de sua biografia de menino miserável na Bahia: “Eu venho da pobreza, das classes populares. Vivi uma parte da minha vida na extrema miséria e trabalho desde os dez anos. O éthos do trabalho sempre foi prioridade para mim, que tinha a necessidade de tirar a minha família da miséria e, de certa forma, ocupar o lugar do meu pai, porque ele tinha problemas com alcoolismo e eu era o primeiro filho homem. Trabalhar sempre foi um imperativo na minha vida e, como diz Belchior, a minha alucinação era enfrentar o dia a dia, nunca foram os romances astrais [...].”

Assista à entrevista no Fórum Café: