O presidente Jair Bolsonaro (PL) teve uma agenda discreta, porém, não menos importante que as outras atividades do último final de semana.
Em uma casa na Península dos Ministros, em Brasília, empresários se reuniram em um "almoço com presidente", no intuito de arrecadar contribuições para a campanha de reeleição.
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O encontro que reuniu cerca de cem pessoas, entre políticos, ruralistas e lobistas aconteceu no sábado (21), com a presença de Bolsonaro e investigados pelas operações Sanguessuga e Desolata, da Polícia Federal.
O almoço foi organizado pelo ex-senador Cidinho Santos (União Brasil). Esta seria a primeira agenda, de uma série voltada com ruralistas para “pagar os custos da campanha do presidente”, disseram os empresários em um grupo de WhatsApp.
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“O objetivo é que esse grupo se espalhe para os 27 Estados para ajudar na campanha”, afirmava a mensagem, obtida pelo Estadão.
No âmbito da operação Sanguessuga, Cidinho, que foi condenado pela 8.ª Vara da Justiça Federal por “inflacionar” equipamentos hospitalares quando era prefeito de Nova Marilândia (MT) discursou ao lado de Bolsonaro e agradeceu a todos por aceitarem o convite. “Nós pegamos essa missão”, disse o ex-senador.
Ainda durante o discurso, Cidinho contou ter procurado Fernando de Castro Marques, dono do laboratório União Química, conhecido entre eles como "Fernandão" sob a justificativa de que "ele tinha uma casa boa". No ano passado, a União Química usou de lobby para tentar vender a vacina russa Sputnik contra a covid-19, mas o intento sofreu resistências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Hoje, o empresário que é filiado ao Progressistas, partido do Centrão, deve concorrer ao Senado.
Outra figura que já esteve na mira da Justiça é Valdinei Mauro de Souza, o "Nei Garimpeiro", que também prestigiou a reunião. O homem foi alvo da Operação Desolata por garimpo ilegal, em Poconé (MT).
Valdemar Costa Neto, presidente do PL também estava no encontro. A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (Progressistas-MS), pré-candidata ao Senado, também compareceu.
Após a saída do presidente, participantes da reunião foram "convidados" a oferecer doações para a conta do PL. Com chapéu texano, o ruralista Celso Gomes dos Santos, o Celso Bala, contribuiu com R$ 500 mil.
Em março, o Estadão revelou que empresários se apresentaram a representantes do agronegócio e pediram contribuições para o comitê de Bolsonaro em nome de Costa Neto e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Maurício Tonhá, participante do almoço, estava na lista de ruralistas que se reuniram depois com o presidente, no Planalto.
Procurado, Cidinho disse que o almoço foi em homenagem à ministra Tereza. "Não teve esse objetivo de arrecadar nada, não”, afirmou. “Tivemos um momento especial reunindo empreendedores de todo o País em apoio ao presidente Bolsonaro”, escreveu o ex-senador no Instagram.
Já Maurício Tonhá disse que "não preciso dar satisfação da minha vida, não, querida. Não tenho nada a declarar”, afirmou.