O presidente Jair Bolsonaro (PL), que já deixou claro em inúmeras ocasiões querer "se livrar" da Petrobras, e que se recusa a alterar a política de preços dos combustíveis, atrelada ao mercado internacional, disse a aliados que quer segurar os preços da gasolina, diesel e gás de cozinha até outubro para que, assim, não perca as eleições.
Segundo a jornalista Ana Flor, do portal G1, Bolsonaro está preocupado com a revolta dos caminhoneiros, que em sua maioria o apoiaram em 2018, com os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, e possui pesquisas internas que mostram que a população associa essas altas diretamente ao seu governo.
Te podría interesar
A preocupação de Bolsonaro é tamanha que, nesta segunda-feira (23), o então presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, foi demitido após apenas 40 dias no cargo. Ele não conseguiu segurar o último aumento do diesel, que chegou às bombas no dia 10 de maio.
Aumento e revolta
O último aumento de 19% no preço do diesel, que chegou às bombas em 10 de maio, fez o preço do combustível usado em grande parte por caminhões se equiparar ao da gasolina em algumas regiões do país.
Na região de Jaru, no interior de Rondônia, o litro do diesel é comercializado entre R$ 7,46 e 7,49, mesmo valor cobrado pelo litro de gasolina. A Petrobras passa a cobrar R$ 4,91 o litro, um aumento de 40 centavos.
Somente nos últimos dois meses, o diesel teve um aumento de 36%. O efeito cascata na economia é imediato, com o repasse do reajuste do frete aos consumidores principalmente no setor de alimentação.
Considerando os valores dos últimos 12 meses (de junho de 2021 até maio de 2022), o diesel já acumula uma alta de 80,9%, muito acima da inflação do período, que gira em torno de 12%.
Outro impacto é nos transportes públicos. Após o anúncio do novo aumento, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (ANTU) afirmou que as tarifas devem aumentar 15,4%.
O aumento provocou nova revolta entre os caminhoneiros, que reclamam do impacto do preço do diesel nas contas dos transportes.
"Não podemos ficar quietos, eu conheço e sei o quanto vai impactar na mesa do trabalhador no final", disse em vídeo Wallace Landim, conhecido como Chorão, que comanda a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava).
"Na última fala do presidente (Bolsonaro), ele começou a entender que precisa realmente mexer no preço da paridade da importação. Uma estatal que teve um aumento de lucro de 3.400% no trimestre", emendou com críticas á política de reajustes da Petrobras adotada por Michel Temer (MDB) e mantida por Bolsonaro.