PERSEGUIÇÃO

Conselho da Câmara de Curitiba aprova cassação do mandato do vereador Renato Freitas

Após aprovação da perda de mandato pelo Conselho de Ética, o caso do parlamentar do PT agora vai ser debatido em plenário

Renato Freitas, durante sessão que aprovou cassação do seu mandato.Créditos: Eduardo Matysiak
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O Conselho de Ética da Câmara Municipal de Curitiba (PR) decidiu, nesta terça-feira (10), pela cassação do mandato do vereador Renato Freitas (PT). O caso agora vai a plenário. Os votos ficaram assim distribuídos: cinco pela cassação, um pela suspensão por seis meses e um pelo arquivamento do processo.

A perseguição imposta pelo Legislativo curitibano ao vereador ocorreu depois que ele comandou uma manifestação pacífica contra o racismo, na Igreja do Rosário, na capital do Paraná, no dia 5 de fevereiro de 2022.

Os manifestantes pediam justiça pelos assassinatos de dois homens negros, que tinham acontecido dias anteriores. Vários movimentos fizeram o mesmo pelo país.

Uma das vítimas foi o congolês Moïse Kabagambe, que cobrou atraso no pagamento de seus honorários, em um quiosque, no Rio de Janeiro, e morreu agredido violentamente. O outro foi o caso de Durval Teófilo Filho, assassinado por um sargento da Marinha, que supostamente o confundiu com um criminoso.

Na oportunidade, Freitas fez um discurso em defesa da vida. Porém, setores conservadores da cidade se incomodaram com o ato. Depois disso, cinco representações foram protocoladas contra o vereador na Câmara e transformadas em processo de quebra de decoro.

"A Câmara de Curitiba perdeu o decoro, a vergonha", diz Renato Freitas

“A Câmara de Vereadores de Curitiba tem vereadores que respondem processos na Comissão de Ética, porque estavam entregando cestas básicas com adesivos de campanha, literalmente comprando votos”, declarou Freitas, após o anúncio do resultado.

“Essa mesma Câmara foi, aos poucos, perdendo o decoro, a vergonha, em muitos casos em que milhões de reais foram desviados. Hoje, eles não têm referência do que é decoro. Por isso, se espantam conosco, porque somos o oposto deles são”, destacou.

“Falar a verdade parece algo muito simples, mas a verdade requer coragem, inteligência e sensibilidade, principalmente para enfrentar as consequências de se falar a verdade. Utilizar a verdade como instrumento de luta pelos oprimidos também não é fácil”, disse.

“A verdade precisa ser dita no lugar certo e a gente conquistou o lugar para se falar a verdade, dentro da casa do povo, para que a cidade toda ouvisse e soubesse das mentiras que ali ocorrem. E só as pessoas certas levarão a verdade para frente”, acrescentou.

Hoje, sou muito feliz e realizado, porque entrei no lugar que eu poderia falar a verdade, tenho as pessoas que me ouvem. Vereador é abrir veredas, caminhos, estradas. É apontar direções novas”, ressaltou.

Em seguida, muito emocionado, Freitas disse: “Viva a vida. Foi isso que nós falamos no interior daquela igreja. E isso nos custou caro. Mas eu repito: viva a vida”, encerrou.

PT do Paraná divulga nota. Veja a íntegra:

A direção estadual do PT do Paraná usou suas redes sociais para divulgar uma nota de repúdio à possibilidade de cassação do vereador Renato Freitas e de apoio a ele.

“O Partido dos Trabalhadores do Paraná vem a público manifestar seu apoio e solidariedade ao vereador de Curitiba Renato Freitas (PT). Nesta terça-feira (10), a Comissão de Ética da Câmara Municipal de Curitiba votou, de forma injusta, pela indicação da cassação do mandato do vereador.

Renato responde a processo na Casa Legislativa acusado de quebra do decoro, por conta da ocupação na Igreja do Rosário durante um ato no início de fevereiro. A decisão agora segue para plenário.

O vereador pediu desculpas pela atitude e a própria Arquidiocese de Curitiba enviou uma carta ao Conselho de Ética da Câmara, onde declara que aceita as desculpas de Renato e que é contra a cassação de seu mandato. “Percebe-se na militância do vereador o anseio por justiça em favor daqueles que historicamente sofrem discriminação em nosso país. A causa é nobre e merece respeito.”, diz a carta.

A manifestação de Renato não fere o exercício legislativo e nem a legitimidade do seu mandato, portanto, a indicação pela cassação só demonstra a perseguição política contra o vereador e sua representatividade dentro da Câmara Municipal.
Partido dos Trabalhadores do Paraná”.