GOVERNO BOLSONARO

Senadores conseguem assinaturas para CPI sobre corrupção no MEC

CPI do MEC vai investigar esquema de propina até em ouro montado por pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que agiam no ministério com aval de Bolsonaro.

Pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, citados em áudio de ministro, em evento oficial do governo ao lado de Bolsonaro.Créditos: Carolina Antunes/PR
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O senador Jean Paul Prates (PT-RN) anunciou nas redes sociais na manhã desta sexta-feira (8) que os parlamentares conseguiram assinaturas suficientes para instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará um suposto esquema de corrupção comandado por dois pastores que agiam a mando de Jair Bolsonaro (PL) no Ministério da Educação.

"Conseguimos as assinaturas suficientes no Senado para instalação da #CPIdoMec, com o objetivo de investigar os escândalos de corrupção envolvendo propinas, superfaturamento em licitações e intermediação de recursos por políticos e religiosos amigos de Bolsonaro", anunciou o senador.

As revelações feitas por prefeitos durante a Comissão de Educação do Senado Federal ajudaram na coleta de assinaturas para a instalação da CPI para investigar o esquema que teria sido montado dentro do Ministério da Educação (MEC) durante a gestão do pastor Milton Ribeiro, que caiu diante do escândalo.

Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, teriam montado um "gabinete paralelo" que controlava a distribuição de recursos da pasta.

À Fórum, o senador Jean Paul disse que muitos senadores ainda estão sendo procurados para apoiar o requerimento. "Então, não ficaria surpreso se o número de assinaturas aumentar. A decisão sobre o quando apresentar esse pedido à mesa vai depender disso. Se será ou não instalada vai depender da pressão da opinião pública e até mesmo do surgimento de novas denúncias. O que está claro, conforme já esclarecido pelo STF, é que é direito da minoria pedir e ter instauradas Comissões Parlamentares de Inquérito".

"É claro que estamos num ano eleitoral e isso tem que ser considerado: qualquer movimento prematuro ou exagerado pode resultar em perda do foco das investigações, mas as denúncias que já se tornaram públicas justificam que o Senado se debruce sobre o tema", acrescentou o senador.

"Minha posição é de que é preciso seguir todos os trâmites: obter e consolidar as assinaturas, protocolar o pedido, aguardar o prazo para que todos os envolvidos reajam e conheçam a decisão do presidente do Senado. Não seria correto qualquer um falar em ação judicial antes de qualquer manifestação e decisão do presidente Rodrigo (Pacheco)", completou Jean Paul.

Prefeitos confirmam corrupção no MEC em audiência

Em audiência pública realizada na Comissão de Educação, três prefeitos confirmaram o escândalo de corrupção envolvendo pastores no Ministério da Educação do governo Bolsonaro e deram detalhes de como a esquema funcionava. Áudio vazado do ex-ministro Milton Ribeiro indica que eles teriam o aval de Bolsonaro para atuar.

Os prefeitos Gilberto Braga (PSDB), de Luís Domingues (MA); José Manoel de Souza (PP), de Boa Esperança do Sul (SP); e Kelton Pinheiro (Cidadania), de Bonfinópolis (GO) relataram que receberam pedidos de propina dos pastores para a liberação de recursos.

Braga chegou a ouvir um pedido de propina em barras de ouro durante um almoço com mais de 20 prefeitos em um restaurante de Brasília. "O pastor Arilton me disse: 'Você vai me arrumar R$ 15 mil para protocolar suas demandas; depois que o recurso já estiver empenhado, como a sua região é de mineração, vai me trazer um quilo de ouro'. Eu não disse nem que sim nem que não, me afastei da mesa", relatou ao Senado.

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