Em um comentário realizado nesta quinta-feira (7), durante o Fórum Onze e Meia, o editor do site, Renato Rovai, ligou os pontos do áudio revelado pela Folha da irmã de Adriano da Nóbrega com conversas interceptadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro reveladas pelo The Intercept em abril do ano passado.
De acordo com a reportagem, estes áudios revelam que milicianos teriam feito contato com uma pessoa identificada como "Jair", "cara da casa de vidro" e "presidente" após a morte do ex-capitão do Bope.
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Segue o texto:
As conversas fazem parte de um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio elaborado a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo país.
Logo após a morte do miliciano, cúmplices de Adriano da Nóbrega fizeram contato com “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e “cara da casa de vidro”. Para fontes do Ministério Público do Rio de Janeiro ouvidos na condição de anonimato, o conjunto de circunstâncias permite concluir que os nomes são referências ao presidente Jair Bolsonaro. “O cara da casa de vidro” seria uma referência aos palácios do Planalto, sede do Executivo federal, e da Alvorada, a residência oficial do presidente, ambos com fachada inteiramente de vidro.
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Conexão óbvia
A conexão entre os dois fatos é óbvia e Rovai pergunta: “por que a mídia nacional está escondendo o fato, mostrando todas as circunstâncias da morte e do envolvimento de Adriano da Nóbrega com Jair Bolsonaro”.
“Há um conluio midiático para reeleger Bolsonaro? É uma pergunta que precisa ser feita”, avalia Rovai. Ele lembra que a irmã de Adriano corrobora com os grampos da Polícia Civil do Rio de Janeiro e a perseguição a Adriano da Nóbrega. "Aqui a gente tem duas provas que se completam", afirma.
Queiroz entra em cena
“E aí, aparece o Queiroz e grava um vídeo para proteger Bolsonaro. Nele, ele afirma que a tal ‘casa de vidro’ não seria o Palácio do Planalto, mas sim uma confusão da irmã de Adriano com o Palácio Guanabara”, diz o jornalista.
"Quero relatar para todo Brasil que eu recebi uma ligação do capitão Adriano. Capitão, Adriano! No dia 24 de dezembro de 2019, onde ele me relatou que houve uma reunião dentro do Palácio Guanabara. Que ficou acertado que não era para ele ser preso, e, sim, executado. O que aconteceu em fevereiro", conta Queiroz.
O ex-motorista e assessor da família Bolsonaro prossegue dizendo o que acredita ser um equívoco da irmã de Adriano. "O que a irmã dele, angustiada, relata para a sua tia, ela confunde ‘palácio’ com ‘Planalto. Isso foi relatado pra mim, pelo Adriano que teve uma reunião e essa reunião foi contada para ele por um amigo de turma de polícia dele, que se encontrava dentro do palácio. Um colega de polícia dele, deve ser coronel, major, capitão. Brasil acima de tudo. Verdade acima de tudo", encerrou o vídeo usando "Deus" na clássica frase bolsonarista "Deus acima de todos".
Rovai lembra que “a relação de Queiroz com Bolsonaro é tão estreita e se manteve durante os últimos três anos e meio apesar de todas as denúncias. A coisa chegou a tal ponto, que o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef o escondeu em sua própria casa, em Atibaia”, recorda.
“Não é preciso de Power Point do Dallagnol para descobrir que quem está no centro de Wassef, Adriano da Nóbrega, Queiroz, milícia é o Bolsonaro”, encerra.