QUE PAPELÃO!

CNI pressionou Senado para nomear Eduardo Bolsonaro embaixador nos EUA

Em documento vergonhoso, Confederação Nacional da Indústria argumentou que o filho do presidente “reúne as qualificações para o importante posto diplomático”. O próprio deputado diz que apenas “fritou hambúrguer” lá

Donald Trump, Eduardo e Jair Bolsonaro.Créditos: Presidência da República/Reprodução
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Um documento revelado nesta quarta-feira (6) pelo jornalista Jamil Chade, do portal Uol, mostrou que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tomou partido na ideia amalucada e megalomaníaca de Jair Bolsonaro de indicar seu filho Eduardo para o cargo de embaixador brasileiro em Washington, nos EUA, ainda em 2019. A entidade que congrega os ricaços industriais do país pressionou o então presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para que a Casa aprovasse o nome do deputado ultrarreacionário que só fala de armas ao cargo mais importante da diplomacia brasileira no exterior.

“Manifesto a Vossa Excelência o reconhecimento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a importância fundamental do Senado Federal, no uso das atribuições que lhe conferem a Constituição Federal, em receber e apreciar a legítima indicação do deputado Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos da América. O deputado Eduardo Bolsonaro reúne as qualificações necessárias para assumir esse relevante posto diplomático, o que certamente será demonstrado na sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal”, diz os dois primeiros parágrafos da constrangedora nota enviada pela poderosa entidade, dando respaldo a uma aventura destrambelhada e com contornos nepotistas lançada pelo presidente Jair Bolsonaro no primeiro ano de seu mandato.

Assim que assumiu a Presidência, o líder de extrema direita cismou com a ideia de nomear seu rebento número 03 para comandar a mais importante embaixada brasileira no mundo. A ideia bizarra e risível, já que Eduardo não tem qualquer relação ou formação com a área diplomática, quase se concretizou, mas acabou deixada de lado por conta da forte reação de vários setores políticos e da sociedade civil, que viam naquilo um absurdo completo, uma vez que o deputado federal apaixonado por armas tem um inglês precário e já admitiu que sua maior experiência nos EUA foi “fritar hambúrger no frio do Maine”, de acordo com suas próprias palavras. Até em declarações simplórias como essa o pupilo do clã presidencial mente, já que na verdade ele trabalhou numa loja de frango frito.

A Confederação Nacional da Indústria não se pronunciou até o momento sobre a adesão a uma aspiração esdrúxula do governo autoritário de Jair Bolsonaro revelada no documento que veio à tona agora, datado de 15 de agosto de 2019, tampouco seu presidente, Robson Braga de Andrade, um notório bolsonarista radical que engrossa o coro dos setores da elite que dão sustentação ao atual governo extremista.

Veja o documento: